domingo, 28 de junho de 2015

Livros de autoajuda. Ajudam?

Dispostos nas livrarias, os livros de autoajuda tem a intenção de mostrar a receita para a felicidade. Como se a sua felicidade depende apenas e tão somente de você. Será? É o que a psicoterapeuta e pesquisadora da Universidade de Campinas, a Unicamp, Vera Lucia Pereira Alves aborda no recém-lançado livro Receitas para a conjugalidade: uma análise da literatura de autoajuda.

Através de mandamentos como "transforme-se como puder" e "siga as regras e, casando com seu amor, viverá feliz para sempre", o leitor que busca neste tipo de literatura receitas para encontrar um parceiro, depara-se, antes de mais nada, com a orientação para que realmente, se case, pois o casamento é prescrito como benéfico e salutar ao desenvolvimento emocional. Estar solteiro, ao contrário, não apresenta, de acordo com os livros de autoajuda analisados, os mesmos benefícios da conjugalidade. Entre estes livros analisados, estão Como conquistar um marido negro (Ed. Summus), Como fisgar um solteiro (Ed. Gente), Tudo que nós homens achamos que uma mulher deveria discutir com o seu homem (Ed. Novo Século), Guia prático da conquista (Ed. Gente), O novo casal: as dez novas leis do amor (Ed. Campus), e outros, passando por autores como Roberto Shnyashiki, Maria Helena Matarazzo e Sergio Savian.

A pesquisadora justificou a escolha deste tema, baseado em relatos de consultório. Pois, segundo ela, muitos de seus pacientes questionavam sobre o sentimento de amor em relação ao parceiro. Confrontavam essa dúvida sobre o amor ao parceiro com as novelas, filmes e romances de literatura. "Perguntavam-me: 'você acha que isso é amor?' A partir dessa vivência  profissional houve o interesse em fazer um estudo sobre a cultura amorosa. E na minha análise, resgatando um pouco disso, eu identifico que, para a literatura de autoajuda, as relações conjugais são quase sinônimos de amor. E, ao colocar esta perspectiva, estes livros deixam o amor na condição de obrigatório", explica.

Para ela, embora a conjugalidade seja a meta, a individualização é o caminho. Em nenhum momento os autores destes livros apontam para que o leitor esteja em relação. É sempre no sentido de que a pessoa precisa se aprimorar individualmente. Ela exemplifica com uma frase muito comum na nossa cultura é a de que se você não se ama, você não será capaz de amar o outro. "Um clichê". 

As respostas que a literatura de autoajuda oferecem podem ser encontradas nas obras analisadas neste estudo. "Se serão eficazes, se funcionarão, isso já é outra questão", pondera.

O livro de Vera é resultado de sua pesquisa de doutorado defendida em 2005 junto à Faculdade de Educação da Unicamp.

Fonte: Unicamp

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