segunda-feira, 15 de junho de 2015

A presença alemã na construção da cidade de São Paulo

Bresser propôs a captação da água na Cantareira. Hoje, sistema está em baixa

Talvez poucas pessoas saibam, mas muito da arquitetura da cidade de São Paulo é fruto do trabalho de engenheiros alemães, presente não só no trabalho especializado e em novas técnicas construtivas, entre as quais, o uso do tijolo, mas também na evolução urbana, como a instalação de cemitérios, mercado público, matadouro e as propostas para abastecimento de água.

Os primeiros imigrantes alemãs chegaram a São Paulo entre 1828 e 1830, com o patrocínio do governo imperial. Em 1854, um grupo de 204 trabalhadores alemães e 119 portugueses foram requisitados pelo governo da província ao Senador Vergueiro, que realizava o agenciamento de imigrantes. No ano seguinte, um decreto da Assembléia constituiu uma Companhia de Operários, com 500 trabalhadores, todos contratados na Europa, numa época em que São Paulo tinha cerca de 20 mil habitantes. Segundo relatórios escritos pelo presidente da província ao imperador Dom Pedro II revelam que houve uma grande intervenção para a remodelação da cidade na década de 1850, que incluiu a construção de mercado público, matadouro, cemitérios, teatro e seminários, além de reformas de igrejas, a maioria com verbas públicas. De acordo com documentação do Arquivo Nacional do Estado de São Paulo, além dos engenheiros, os imigrantes alemães atuavam em obras públicas e particulares como pedreiros, marceneiros, carpinteiros, canteiros, que trabalhavam com pedras, e calceteiros, incumbidos das estradas e vias públicas.


Cemitério da Consolação, obra do eng. Rath

Segundo a pesquisa da arquiteta Adriane Acosta Baldin sobre o trabalho dos artífices e engenheiros vindo dos estados alemães e descrita em tese de doutorado apresentada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a FAU, da Universidade de São Paulo, além dos operários especializados, também vieram da Alemanha quatro engenheiros que atuaram na cidade: Carlos Abraão Bresser, Carlos Rath, Hermann Gunther e Hermann Bastide.

Foi Bresser que, em 1838, supervisionou as obras da estrada para Santos, e em 1852, junto com Porfírio da Lima, propôs a utilização da água da Serra da Cantareira para o abastecimento da cidade. Rath definiu a localização e projetou o Cemitério da Consolação, em 1858, numa região que era afastada do núcleo urbano da época. 

Para a doutoranda, os alemães trouxeram ideias que revolucionaram a cidade e são diretrizes urbanas que chegaram até os dias de hoje. 

Fonte: Agência USP de Notícias
Foto: Internet

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