quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

QUINTA FEMININA: Salve Clara Guerreira!!!

A mineira Clara Nunes, com o tempo, foi
incorporando ao visual sua aproximação
com a cultura africana
     Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, ou simplesmente Clara Nunes. Pesquisadora da música popular brasileira, de seus ritmos e de seu folclore, Clara viajou várias vezes para a África, representando o Brasil. Considerada uma das maiores intérpretes do País, foi a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias, derrubando um tabu segundo o qual mulheres não vendiam discos.

     Clara Nunes perdeu o pai em 1944, quando tinha apenas dois anos e a mãe pouco tempo depois, por isso foi criada pelos irmãos mais velhos. Em Minas Gerais, seu estado natal, cantava ladainhas em latim no coro da igreja. Tinha apenas dez anos de idade quando venceu seu primeiro concurso de canto, organizado em sua cidade, o então município de Paraopeba, mais tarde Caetanópolis.

     Pouco depois, foi obrigada a morar em Belo Horizonte com seus outros irmãos por conta do assassinato de seu namorado, cometido por um de seus irmãos. Na capital mineira, Clara trabalhou como tecelã durante o dia, enquanto que à noite fazia o curso normal. E aos finais de semana, participava dos ensaios do Coral Renascença, na Igreja do bairro em que morava. Os primeiros passos a caminho da carreira profissional foram dados quando conheceu o violinista Jadir Ambrósio, que admirado com a voz da jovem de apenas 16 anos, a levou para vários programas de rádio, nos quais fora apresentada com o nome de Clara Francisca. Mas por influência do produtor musical Cid Carvalho, mudou o nome para Clara Nunes, usando o sobrenome da mãe.

     Em 1960, venceu a etapa mineira do concurso A Voz de Ouro ABC, com a música Serenata do Adeus, composta por Vinícius de Moraes, e gravada anteriormente por Elizeth Cardoso. Na final nacional, realizada em São Paulo, Clara ficou em terceiro lugar. A partir daí, começou a cantar na Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte. Durante três anos seguidos, foi considerada a melhor cantora de Minas Gerais, e passou a se apresentar como crooner em clubes e boates e, em Belo Horizonte, chegou a trabalhar com o então baixista Milton Nascimento. Foi então que fez sua primeira apresentação na televisão no programa de Hebe Camargo em Belo Horizonte. E em 1963, teve seu próprio programa na TV Itacolomi, chamado Clara Nunes Apresenta, exibido por um ano e meio. Viveu na capital até 1965, quando se mudou para Copacabana, no Rio de Janeiro.

Do bolero ao samba


Mais identificada com a religião a umbanda,
Clara Nunes firma-se como cantora de samba
      Antes de aderir ao samba, Clara cantava especialmente boleros. Começou a frequentar escolas de samba, clubes e casas noturnas no subúrbio carioca. A Portela tornou-se sua escola de samba do coração. Em 1966, gravou seu primeiro LP pela gravadora Odeon. Por insistência da gravadora, gravou músicas românticas, com um repertório que incluía boleros e sambas-canções. No entanto, este trabalho foi um fracasso comercial. E em 1968, gravou seu segundo disco, dessa vez com sambas.

     Entre 1969 e 1970, Clara gravou dois LPs, fez um show em Luanda e adotou um novo visual, fez permanente nos cabelos pintados de vermelho e passou a partir daí a se vestir com roupas que remetiam às religiões afro-brasileiras. Em 1973, gravou na Europa o LP Brasília e, no Brasil, o álbum Alvorecer, que chegou ao primeiro lugar de todas as paradas brasileiras. No ano seguinte, ao lado do ator Paulo Gracindo, atuou no Canecão, no Rio de Janeiro, na montagem do espetáculo Brasileiro, profissão esperança. Em 1975, ano de seu casamento com o compositor Paulo César Pinheiro, lançou Claridade, seu disco de maior sucesso.

      Outro sucesso veio com o disco Canto das três raças. Em 1977, o disco As forças da natureza, era mais voltado ao samba de partido-alto. Em 1978, o disco Guerreira, interpretando outros ritmos brasileiros - referência a seu apelido. A música Morena de Angola faz parte de seu trabalho seguinte, Brasil mestiço. Em 1981, lançou Clara, com destaque para Portela na avenida. No auge como intérprete, lançou em 1982 Nação, que viria a ser seu último trabalho.

Especulações sobre sua morte

      Enquanto a carreira decolava, a vida particular lhe causava dores e tristezas. Submeteu-se a uma histerectomia (remoção do útero), após sofrer três abortos espontâneos, por causa dos miomas que possuía no útero. Por nutrir a obsessão pela maternidade, a impossibilidade de ser mãe a fez sofrer muito, causando à cantora fortes abalos emocionais, superados pela entrega absoluta à carreira artística, a fazendo compor músicas belíssimas e de intensa carga emocional.

      Em 02 de abril de 1983, a poucos meses de seu 41º aniversário, e depois de 28 dias de agonia, hospitalizada após um choque anafilático ocorrido durante uma cirurgia de varizes, Clara Nunes deixou órfão milhões de fãs. No tempo em que esteve internada, Clara foi vítima de uma série de especulações que circulavam nos meios de comunicação sobre sua internação, entre elas, inseminação artificial, aborto, tentativa de suicídio ou espancamento por seu marido.

Fonte: Wikipedia
Foto: Internet

      

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