Em comemoração à indicação da escritora Lygia Fagundes Telles ao Prêmio Nobel de Literatura, uma de suas obras que lhe rendeu o Prêmio Jabuti, o livro As Meninas. Não foram muitos os escritores que, no auge da ditadura militar no Brasil, abordaram em seus textos temas como a repressão e a tortura e escreveram obras de contestação como As Meninas de Lygia Fagundes Telles. Livro árduo, dolorido e lindo, As Meninas relata os conflitos no relacionamento de três jovens que têm entre si um ponto em comum, a solidão, e como pano de fundo os governos militares.
Três universitárias compartilham com algumas freiras um pensionato em São Paulo. Ana Clara gosta de um traficante e vive drogada. Lia briga contra o regime, Lorena, filhinha de papai, ajuda as outras duas com dinheiro. Lia se envolve com Miguel, que é preso e trocado por um diplomata. Sem ligar para a política ou as drogas, Lorena se apaixona por um médico casado e pai de cinco filhos. Um enorme espaço separa o universo das pensionistas e seus dramas das religiosas, que se apavoram com a liberdade das três moças. Cada uma das personagens é um poço de conflitos e monólogos interiores que vêm à tona através das confidências íntimas de cada uma e que se ligam à miséria política e cultural da época.
O texto de Lygia Fagundes Telles não cai na vulgaridade, não se banaliza, apesar do tema. A linguagem é coloquial e expressiva e os diálogos abandonam as conveniências formais. As Meninas de Lygia são, afinal, as jovens do nosso tempo, saídas da adolescência e ingressando na plenitude da mocidade. Nada mais atual.
Apontada pela crítica como um sucesso absoluto, As Meninas é uma obra que resultou do esforço de três anos de trabalho dessa autora perseverante, que valoriza a palavra e mostra, através de seus textos, a luta de todos nós em defesa da liberdade.
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