Um dos temas para abordar a cultura de um continente com mais de 50 países, pode ser colonização que aproxima o Brasil de tantos países africanos que passaram pelo mesmo processo |
Bueno aplicou um questionário com 15 perguntas a 30 professores, sendo 15 do município de São Paulo, e 15 de escolas estaduais das cidades de Guarulhos, Mauá, Indaiatuba e Marília. As perguntas abordavam desde o conhecimento da Lei até a forma de aplicação do conteúdo. Ao comparar as redes de ensino, o professor constatou que, dos 15 professores da rede municipal, 11 trabalham com o conteúdo de literaturas africanas e afro-brasileiras em sala de aula. Já na rede estadual, são 9 os professores que tratam o tema.
Casos de preconceito
Na prática, fica evidente os casos de preconceito com os quais os professores são obrigados a ter de lidar quando tentam aplicar a Lei. Um dos professores contou que uma colega de profissão de uma escola municipal resolveu trabalhar o significado da palavra "macumba" (que pode ser um instrumento musical ou uma árvore). No entanto, alguns pais reclamaram, pois acreditaram tratar-se de uma abordagem religiosa. E a direção da escola pediu para a professora da escola não realizar o trabalho.
Em outro relato, uma professora do estado contou que utilizou, no ensino médio, um documentário a respeito dos rituais religiosos africanos para falar sobre cultura. Dois alunos se levantaram e se recusaram a assistir, pois disseram que aquilo não fazia parte da religião deles, que eram contra e se retiraram da sala.
Para o pesquisador, também entre os professores há também preconceito; alguns acham que a literatura africana vai falar de aspectos religiosos. Por outro lado, há os que aplicam a lei por diferentes razões. "Muitos abordam a literatura africana e afro-brasileira porque são negros, outros porque se interessam pelo tema, mas há os que não o fazem ou por não se interessarem ou por não terem formação específica. Além disso, segundo Bueno, há uma falha no poder público, desde o Ministério da Educação, o MEC, até as secretarias estadual e municipal de educação.
A pesquisa foi apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, a FFLCH, da Universidade de São Paulo, a USP.
Fonte: Agência USP
Nenhum comentário:
Postar um comentário