segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Há 42 anos, São Paulo chorava a dor de Santa Maria

O Joelma começou a ser
construído em 1969 e inaugurado
dois anos depois, quando foi
alugado ao Banco Crefisul
Investimentos
      Em 1º de fevereiro de 1974, Alisson Oliveira da Silva ainda não havia nascido, mas o Edifício Joelma, inaugurado três anos antes, era destruído por chamas, tornando-se uma das maiores tragédias que São Paulo até então havia conhecido. Por isso, nem poderia imaginar que o seu fim seria o mesmo ao daquelas 191 vítimas do Joelma.  Há três anos, Alisson tinha 22 anos quando a sua e outras 241 vidas foram interrompidas no incêndio da Boate Kiss, na cidade gaúcha de Santa Maria.

     Mais de quatro décadas depois, e o que aprendemos com a tragédia de São Paulo? Nada. Somos solidários às famílias das vítimas, mas pouco cobramos das autoridades competentes rigor na lei e punição aos culpados. E mais. Fiscalização ineficiente abre brecha para, num futuro nada distante, assistirmos outros Joelmas ou outras Boates sucumbirem ao fogo em detrimento do descaso do poder público.

     Para ficar apenas com dois exemplos, a morte destas 433 pessoas parece ter sido em vão. Não há o rigor na lei que garanta às famílias, pelo menos um pouco de tranquilidade para lidar com o eterno luto. Parentes de vítimas da Boate Kiss decidiram recorrer à Corte Interamericana  de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, a OEA, para que o Brasil seja responsabilizado por não punir envolvidos na tragédia. Para os familiares, o Estado, o município e o Ministério Público sabiam de irregularidades na casa noturna e permitiram que ela continuasse funcionando. Ainda assim, de acordo com as famílias, nenhum agente público está sendo processado diretamente pelo caso. Enquanto isso, na Justiça gaúcha, somente quatro pessoas respondem pela mortes.

Muitos, movidos pelo desespero,
começaram a se atirar do Joelma. Mais
de 20 saltaram, nenhum sobreviveu
     A tragédia do Joelma, se deu apenas dois anos após o incêndio no Edifício Andraus que vitimou 16 pessoas. E fez reabrir a discussão popular com relação aos sistemas de prevenção e combate a incêndio nas metrópoles brasileiras, cujas deficiências foram evidenciadas nos dois grandes incêndios. 

     Na ocasião do incêndio do Joelma, o Código de Obras do Município em vigor era o de 1934, quando São Paulo tinha 700 mil habitantes, prédios de poucos andares e menos aparelhos elétricos. 

     O julgamento, ocorrido no ano seguinte, condenou a prisão cinco pessoas; cujas penas não passaram de três anos. 

     Reinaugurado em setembro de 1978, o prédio se adequou aos padrões de segurança da época. Em meados de 2000, foi rebatizado como Edifício Praça da Bandeira. Já o destino da Boate Kiss ainda permanece incerto.


     
     

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