Em 25 de fevereiro de 1945, vítima de enfarto, Mario de Andrade morria para a vida, mas imortalizava-se na literatura. Impossível escolher apenas um livro, um poema, uma escrita para homenagear um dos ícones das letras, e um dos responsáveis pela transformação cultural de São Paulo, quiçá do Brasil, através da Semana de Arte Moderna de 1922.
Publicado em 1927, o livro Amar, Verbo Intransitivo chama a atenção pela utilização da linguagem coloquial. A obra é considerada modernista pelos críticos literários. Nela, Mario demonstra uma paixão por seus conterrâneos. Nota-se um elogio feito aos alemães, que tinham imigrado para a cidade. Porém, o autor acaba com o enaltecimento ao colocar o povo europeu como metódico e incapaz de viver no calor do país latino.
O livro conta a historia de Carlos Alberto, um garoto que pretende perder a virgindade. Seu pai contrata uma prostituta alemã, para evitar que o filho torne-se um frequentador dos prostíbulos da cidade. Sem saber, Carlos Alberto acredita que a mulher irá apenas lhe ensinar o idioma alemão. Seguindo a ideia de Freud, Mario de Andrade idealiza uma iniciação sexual serena para o garoto, que garantiria ao jovem uma vida adulta madura e a constituição de uma família. Porém, os cuidados do pai são em vão, e o garoto acaba perdendo a virgindade com uma prostituta em uma festinha com amigos. Entretanto, a prostituta alemã cumpre sua tarefa, sem perder a dignidade, como se estivesse realizando uma missão. Neste ponto, em que a alemã é obrigada a se dividir entre uma governanta séria e uma prostituta, entra novamente a teoria de Freud, apresentando o quanto é complexa a sexualidade humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário