quinta-feira, 7 de julho de 2016

QUINTA FEMININA: Artemísia Gentileschi, a artista que expressou na pintura seu feminismo

Artista expressava seu feminismo em
suas obras
        No dia 8 de julho de 1593, em Nápoles, nascia Artemísia Gentileschi, uma das únicas mulheres a serem mencionadas no ramo da pintura artística do barroco, sendo a primeira a possuir uma posição privilegiada. Dedicou-se a temas trágicos em que suas personagens femininas representam papéis de heroínas. Evitou as naturezas mortas e as flores, comuns para as artistas da época. Talvez porque expressava em sua arte a dor por ter sido estuprada pelo seu professor de pintura aos 17 anos de idade, em uma época em que a versão da mulher aos fatos pouco importava. No julgamento de seu algoz, Agostino Tassi, torturaram-na para julgar a veracidade de sua versão.

        Não podendo ficar em Roma, foi-lhe arranjado um casamento de conveniência. Separou-se depois de dez anos e partiu rumo à Florença, onde descobriu uma vida empolgante no mundo das artes na Itália do século 17 e, com o crescente sucesso de suas obras, tornou-se a primeira mulher a entrar para a Academia de Artes de Florença.

         Artemísia aprendeu a arte ainda na oficina do pai que tinha o estilo de trabalho inspirado em Caravaggio, o que acabou influenciando nas obras da filha. Recebeu grande incentivo do pai uma vez que nessa época, durante o século 17, as mulheres não eram consideradas suficientemente inteligentes para trabalhar. Seu primeiro trabalho, aos dezessete anos de idade, foi Susana e os Anciões, uma obra em que mostra como Artemísia assimilou o realismo de Caravaggio.

         Em 1611, Orazio Gentileschi trabalhou com Agostino Tassi e o contratou para ser tutor da filha. Durante a tutela, Agostino estuprou Artemísia. E após o crime, a jovem continuou mantendo relações com Orazio na esperança de que fossem se casar e assim pudesse restaurar sua dignidade e seu futuro. Tassi negou a promessa de casamento, e depois do estupro, quando Orazio descobriu que Artemísia e Tassi não iriam mais se casar, processou Tassi. Durante o julgamento, que durou sete meses, descobriu-se que Tassi tinha planejado assassinar sua esposa, junto com sua cunhada, com quem teve um caso. No julgamento, Artemísia foi submetida a um exame ginecológico e torturada para verificar seu testemunho. Tassi foi condenado a um ano de prisão, mas nunca chegou a cumprir o tempo total da pena. O julgamento influenciou a visão feminista de Artemísia.

Nova vida

        Orazio arranjou para sua filha um casamento modesto com um jovem artista. Pouco tempo depois do casamento, o casal mudou-se para Florença. Ela tornou-se uma pintora de sucesso da corte e foi nessa ocasião que recebeu a proposta de pintar Madona com o menino, obra que atualmente se encontra na Galeria Spada de Roma.

          Artemísia pintou muitos retratos de mulheres fortes e fez disso sua especialidade. Em Florença, ela manteve boa relação com os artistas mais respeitados da sua época. Com Galileu Galilei manteve correspondência por um longo tempo.

         Apesar da fama, problemas financeiros fizeram com que ela voltasse à Roma, em 1621, mas sem o marido. Em 1630, muda-se para Nápoles em busca de novas e mais lucrativas oportunidades de trabalho. À medida que envelhecia, suas obras foram se tornando mais graciosas, revelando uma mudança  no seu gosto e sensibilidade. Especula-se que ela tenha morrido em 1654, em consequência de uma praga em Nápoles.

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