terça-feira, 5 de julho de 2016

Pizzarias e churrascarias também são responsáveis pela poluição do ar

A maioria das pizzarias, 80%, utiliza forno à lenha, que
somadas às churrascarias são responsáveis pela emissão
de poluentes
        Não somente os carros, mas outras fontes de emissão de poluentes, como pizzarias e churrascarias, também estão sendo responsáveis pela qualidade do ar na Grande São Paulo. "Apesar da maioria das emissões de poluentes na Região Metropolitana de São Paulo ser proveniente da frota veicular, há outras fontes que devem ser consideradas, como a contribuição de queimadas oriundas dos processos agrícolas em São Paulo e de florestas da Amazônia, e outras mais locais de queima de biomassa, como a de lenha por pizzarias e de carvão vegetal por churrascarias", disse Maria de Fatima Andrade, professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo. O estudo é fruto de um trabalho em conjunto com pesquisadores University of Surrey, na Inglaterra, da North Carolina State University, dos Estados Unidos, e das Universidades Federal de Minas Gerais e Tecnológica Federal do Paraná.

        A atual frota de automóveis em circulação ainda representa a principal fonte de poluentes do ar na Região Metropolitana. E as emissões de veículos novos que entram em circulação hoje na metrópole, contudo, tem diminuído nos últimos anos devido a uma série de medidas voltadas a controlar as emissões de acordo com padrões mais restritivos.

        De acordo com estimativas de estudo, há 11 mil pizzarias só em São Paulo - a segunda cidade que mais consome pizza no mundo, atrás apenas de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Aproximadamente 80% desses estabelecimentos queimam lenha, principalmente eucalipto, para produzir cerca de 1 milhão de pizzas por dia.

        A quantidade média de lenha usada pelas pizzarias na cidade é de 48 toneladas por ano. Esse número perfaz um total de 7,5 hectares de floresta de eucalipto queimados por mês e 307,2 mil toneladas de madeiras incineradas por ano, que resultam na emissão para a atmosfera de cerca de 321  quilos por dia de material particulado, considerado o mais relevante em termos de impactos à saúde. No entanto, isso representa, aproximadamente, 3% das emissões diárias do total de poluentes gerados por veículos e indústrias, o que relativamente é muito pouco.

         Acontece que essas informações não estão quantificadas e não são consideradas nos inventários de emissões de poluentes. Nos relatórios do Banco Energético do Estado de São Paulo não há distinção entre lenha e carvão vegetal, e os maiores consumidores dos dois produtos são pizzarias e churrascarias. E as emissões ocorrem no começo da noite, que é quando as condições atmosféricas estão mais estáveis e as partículas dispersam menos. Além do que as chaminés das pizzarias e churrascarias estão situadas no nível do solo, o efeito pode ser muito maior, especialmente durante os meses frios, quando as condições atmosféricas também ficam menos favoráveis à dispersão de poluentes. Por isso, a redução das emissões de poluentes por essas fontes pode se traduzir em melhoria da qualidade do ar e, consequentemente, da saúde da população.

Fonte: Agência Fapesp

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