De acordo com a nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), não. No entanto, a entidade só voltou atrás da decisão depois de sofrer uma pressão da sociedade civil, porque até então havia um entendimento do contrário. A OMS é responsável por divulgar a Classificação Internacional de Doenças (CID), que serve de parâmetro ao mundo todo e conta com aproximadamente 55 mil códigos.
Na nova edição de 2022, o termo "senilidade" seria trocado por "velhice", e com isso passaria a ser tratado como doença, o que seria um grande equívoco, porque velhice é uma fase da vida. Em entrevista ao Jornal da USP, a professora da Escola de Enfermagem e Faculdade de Saúde Pública da USP, Yeda Duarte argumenta que quando se cria um novo código na CID, significa que isso será visto como um problema de saúde, o que requer um tratamento.
Contudo, o processo de envelhecimento vai muito além de uma classificação, e a cultura tem grande peso nos hábitos. "A título de exemplo, as pessoas que hoje têm 60, 70, 80 anos de idade viveram em uma época na qual fumar era algo socialmente valorizado. Como consequência, sofrem de problemas relacionados a esse hábito, não à idade. Hoje vivemos a geração fitness. Veremos daqui a pouco o efeito dos esportes de alto impacto na sobrevida das pessoas mais velhas.
Com a troca do termo, a OMS optou por substituir "velhice" por "declínio da capacidade intrínseca associado ao envelhecimento", o que para a professora pode ser controverso, uma vez que o processo de envelhecimento é resultado não só do que acontece intrinsecamente, mas também do que acontece extrinsecamente. "As condições de vida em que eu vivi, as condições sociais nas quais eu nasci", avalia.
Texto: Elisa Marina
Foto: Melhor com Saúde
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