Em 29 de janeiro comemora-se o Dia da Visibilidade Trans no Brasil, que nada mais é do que um dia para lançar um olhar para os cerca de três milhões de pessoas socialmente invisibilizadas, de acordo com o primeiro estudo acadêmico a avaliar a proporção de pessoas identificadas como transgênero ou não binárias que vivem no país, organizado pela Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista. Isso corresponde à 2% da população adulta.
Quando se olha com mais atenção a essas pessoas, percebe-se em que condições vivem. Somente na cidade de São Paulo, a média de idade não ultrapassa os 35 anos, uma vez que mais expostas ficam a todas as formas de violência, lembrando que o Brasil lidera o ranking de países em que mais se mata pessoas LGBTQIA+. E além da violência física, há a camuflada violência social pelo desamparo do mercado de trabalho. Um estudo com mais de 1,7 mil mulheres trans, travestis, homens trans e pessoas não binárias, realizado entre o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) e a Secretaria Munucipal de Direitos Humanos de São Paulo, mostrou que 58% desses indivíduos realizam trabalho informal ou autônomo, de curta duração e sem contrato. E mais, em decorrência dos preconceitos sofridos, o abandono escolar é recorrente entre essas pessoas.
Mas um caminho estreito começa-se a abrir, graças a políticas de ações afirmativas iniciadas por pessoas assumidamente trans que ingressaram no ensino superior, e então hoje vemos pessoas trans lecionando em universidades, menos de vinte, um número bem inexpressivo dentro do meio acadêmico. Por isso que, mais que um dia, essas pessoas devem ser vistas todos os dias e em todos os setores da sociedade.
Texto: Elisa Marina
Fonte: Revista Fapesp
Imagem: TNB Stúdio
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