Frente à morte, o medo de se perceber como um solitário jogador no embate chamado vida |
Morrer! Provavelmente esta seja a resposta de cem entre cem pessoas. E esse medo pode ser que passe pela incerteza frente ao desconhecido. Talvez, facilitaria se a nós nos fosse dado, desde o nascimento, um desconhecido um pouco mais conhecido, como por exemplo, uma extensão, no além-morte, das nossas relações pessoais e, por que não, materiais, e o exercício consistiria em idealizar despertar em uma cama, no centro de um quarto dentro de uma casa semelhantes àquelas em que se viveu no plano carnal.
Dito isso, penso que temer a morte pode ser bom, no sentido de que enquanto não se dê o finito da vida, todas as formas de recomeço estão postas, e assim uma reconfiguração da vida a que se conhece.
A minha última postagem neste blog ocorreu no ano de 2016. De lá para cá, traí o blogger com o wordpress, e com ele nasceu a Elisa Marina autora de três livros, quando, seis anos atrás, o romance Filhos do Silêncio era a minha única publicação, e então nasceram o livro de contos Quando e o de contos eróticos Pronome Pessoal, este último deu vida à Lih Miranda, pseudônimo através do qual dei vazão para escritos até então adormecidos.
Volto a este blog no ano de 2022, quando o Brasil contabiliza o número de 625 mil mortes por Covid-19 de uma pandemia que acaso fosse anunciada em 2016 seria motivo de gozação ou considerada historinha para boi dormir. No entanto, o boi dormiu, e não somente ele, como todo o rebanho apavorado com as notícias de um vírus que colocou em cheque a existência humana, e por causa disso a histeria configurou-se.
Empregos foram perdidos, a crise econômica instaurou-se! E Bolsonaro é presidente. Como assim, perguntaria a Elisa Marina de 2016 para a Elisa Marina de 2022. Aquele ser tosco, deputado federal do baixo clero, presença constante em programas de gosto duvidoso, chegou ao poder? Sim, responderia com expressão de sarcasmo a escritora dos tais três livros publicados. E Elisa de 2016, embora haja vacina para o vírus da Covid-19, para o verme de 2022 só há um caminho possível, por ora, para a sua eliminação: as eleições deste ano. A propósito, apenas para te esclarecer, em 2022 há pessoas que dizem que a terra é plana e que as vacinas implantariam um chip em suas correntes sanguíneas. Então, certeza de que você quer percorrer esses seis anos que nos separam? Sim, me responde Elisa com seus 41 anos de idade.
A pandemia é a realidade nua e crua do que antes nos contavam os livros de história. Isso, talvez explique esse medo generalizado? Aquela gripe espanhola de 1918, da qual ouvíamos falar, é hoje a nossa Covid-19 que nos coloca como partícipes em tempo real de uma história que vai ser contada no próximo século. E aqui cabe um spoillér, em 2122 estaremos todos mortos.
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