Acervo está disponível desde o dia 13 de dezembro, data em que se comemora o Dia Nacional do Cego/Foto: Gabriel Lima/ Secretaria de Cultura de Suzano |
sexta-feira, 16 de dezembro de 2022
Para um mundo mais inclusivo, biblioteca de Suzano disponibiliza obras em Braille
sexta-feira, 2 de dezembro de 2022
Dezembro, quando alegria e inquietação dão as mãos sob as luzes coloridas de Natal
Adoro completar meus anos de vida no mês de dezembro. Faz quarenta e sete anos que eu sou dezembro. Está certo que, por razões óbvias, eu não tenha a menor ideia do que seja aniversariar nos meses carnavalescos, muito menos no mês de São João, e que dirá no mês do cachorro louco. E eles, os não-dezembros, por suas vezes, jamais saberão a delícia que é nascer em dezembro. Dezembro é dez, de acordo com o latim, embora seja o décimo segundo mês do calendário gregoriano. Somos os últimos, sim, mas deliciosamente desejados como aquela última batatinha frita no prato, e saboreados como a última colherada na panela de brigadeiro. Quem não espera pela chegada de dezembro bom sujeito não é.
Dezembro é o mês mais festivo de todos, e o mês do dinheirinho extra na conta bancária para os empregados avalizados pela Consolidação das Leis do Trabalho, que por força da lei, engordam a renda com o décimo terceiro salário, dinheiro que por vezes nem bem é depositado na conta para em seguida pagar o cartão de crédito, ou um mês depois quitar o Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor.
E embora dezembro seja o mês das luzes que piscam em colorido e das bolas que decoram árvores e fachadas de lojas, é também o mês de sentimentos conflitantes, num dia sol, noutro pancadas de chuva, são dias de tempestades e noites de calmaria. Em algumas pessoas, dezembro representa o fim de um ciclo, o que traz profundas reflexões, e junto delas certa tristeza pela saudade dos que já partiram, em outras, e em mim, uma inquietação que não tem razão de existir porque é fruto de uma notícia sem comprovação cartorária.
Anos atrás, uma ex-vizinha me fez o seguinte alerta: “pode reparar, as pessoas morrem próximo da data em que aniversariam, pouco antes, ou pouco depois”. Pronto. Bastou para que a informação alarmante e sem embasamento permanecesse até hoje na minha caixa de entrada, e até hoje não deletada. E então, a dezessete dias de assoprar quarenta e oito velinhas, eis então a minha contagem começada já no vizinho novembro: Vinte de novembro! Trinta de novembro! Dois de dezembro! Chega logo dezenove de dezembro! Apresse-se vinte e oito de dezembro! Venha voando quinze de janeiro!
Até o presente momento, viva (do verbo viver), fugi da lógica, sem saber exatamente quando começa e termina o tal período fúnebre. Hoje, dois de dezembro, o cenário me parece otimista uma vez quem meus exames não apontam para uma morte iminente, contudo, uma hora a vida termina, e como Walt Disney, também um exemplar nascido em dezembro, animava desenhos inanimados, o não saber quando se vai morrer faz dos sujeitos personagens animados - ainda que desanimados - ante o desfecho da própria história.
Texto: Elisa Marina
quarta-feira, 16 de novembro de 2022
Para uma conscientização negra que se estenda para além de novembro
Por mais de duas horas, Nei Lopes destacou o legado de Lima Barreto para brasileiros de um Brasil que pouca importância dá, ainda, a sua obra/ Foto: Elisa Marina |
Novembro, mais precisamente o dia 20, é marcado como o Dia da Consciência Negra, período entendido a que a sociedade reflita e perceba as injustiças raciais pelas quais passam diariamente negros e negras que aqui vivem, e revivem cotidianamente casos de racismo que não param de crescer. Por isso, para além de um dia, ainda é preciso muito mais que um dia, talvez os doze meses do calendário a fim de conscientizar aqueles que não perceberam, ainda, que certos privilégios são sustentados por um racismo institucional e secular.
Para tanto, diversos eventos estão sendo realizados na região do Alto Tietê. A cidade de Suzano conta com uma programação diversificada que vai de palestras à exibição de longas-metragens e documentários durante o mês de novembro.
Em Mogi das Cruzes, a vida e obra do escritor Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) foi contada por mais de duas horas no Sesc Mogi das Cruzes pelo olhar do compositor escritor, cantor, e estudioso das culturas africanas Nei Lopes. Jornalista e escritor, Lima Barreto nasceu num 13 de maio que sete anos depois viria a ser marcado como data da abolição da escravatura através de uma lei que deixa claro que ser liberto não é necessariamente ser livre.
Lima Barreto sentiu na pele, mais precisamente na mente, os seus aprisionamentos, que não o incapacitavam mas abriam portas para o vício na bebida. O medo de parecer louco o fazia vítima das loucuras de uma sociedade que lhe imputava todo tipo de julgamento, para uma vez capturado pela viatura policial ser deixado, largado e esquecido em manicômios do Rio de Janeiro.
Dentro ou fora, Lima Barreto produzia, escrevia quanto mais os insanos, os outros, o desafiavam, ou quando até mesmo os intelectuais lhe davam as costas, entra aqui a recusa de Rui Barbosa para ingressar na Academia Brasileira de Letras. Em 1922, é encontrado morto em sua cama, abraçado a uma revista literária, no dia 1º de novembro, nove meses depois daquela moderna semana de arte que ocorrera em solo paulistano.
Cineteatro é um dos espaços de Suzano a servir palco para apresentações em comemoração ao mês da Consciência Negra/ Foto: Secom |
Eventos em Suzano
17 de novembro - 20h
Noite de Capoeira - mestre Amaro
Local: Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi
Rua Benjamim Constant, 682 - Centro
19 de novembro - 19h
Cine Resistência - documentário
Local: Cineteatro Wilma Bentivegna
Rua Paraná, 70 - Centro - Suzano
20 de novembro - a partir das 10h
Roda de Capoeira
Aula aberta de dança urbana
Apresentações urbanas
Local: Parque Max Feffer
Av. Sen. Roberto Simonsen, 90 - Jardim Imperador
21 de novembro - 19h
Lançamento do livro Rap Cultura e Poesia - autor Felipe Oliveira Campos
Local: Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi
Rua Benjamim Constant, 682 - Centro
23 de novembro - a partir das 14h
A Princesa e o Sapo
Infiltrado na Klan
Local: Cineteatro Wilma Bentivegna
Rua Paraná, 70 - Centro - Suzano
Palestra: Questões sobre o racismo e violência simbólica - 19h30
Local: Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi
Rua Benjamim Constant, 682 - Centro
30 de novembro
Jamaica Abaixo de Zero - 14h
Selma, uma história de liberdade - 19h
Local: Cineteatro Wilma Bentivegna
Rua Paraná, 70 - Centro - Suzano
Por: Elisa Marina
quinta-feira, 10 de novembro de 2022
Tchau, "querido", até nunca mais!
Judith decapitando Holofernes (1613) Artemisia Gentileschi* Museu Capodimonte, Nápoles |
No entanto, ao contrário de usufruir de sua liberdade - estaria ela sob efeito da Síndrome de Estocolmo em que a vítima cria um laço emocional com seu algoz? - ele continua como presença consistente na mente dela, ora em manhãs de recordação pelo sofrimento vivido na carne, ora nas noites de sono perdidas de olho no smartphone para saber por onde ele anda. Como que presa a um masoquismo enraizado na psique, ela não percebe que deixá-lo ir, esquecê-lo de vez, e mais ainda enterra-lo para sempre nas profundezas da insignificância, lhe trará alívio, paz, e a certeza de que relações saudáveis são possíveis, e um novo amor há de aparecer brevemente. A nossa jovem democracia, assegurada por sessenta milhões de brasileiros naquele histórico 30 de outubro, precisa libertar-se de seu opressor, a saber, Jair Messias Bolsonaro.
King Kong (2005) - direção: Peter Jackson |
Charge de campanha do jornal Folha de S.Paulo em defesa da democracia |
É necessário e urgente apagar Bolsonaro das nossas redes sociais, muito embora outros exemplares fantasmagóricos estejam por perto com o intuito de nos assombrar. Por outro lado, sabemos o quanto é difícil assistir a uma fala homofóbica, racista, ou ler uma notícia falsa produzida por ele ou pelo seu entorno, sem se indignar, e por isso dividir com os seus amigos seria um meio de expor essas figuras ao escracho público. Entretanto, no mundo dos algoritmos a lógica é outra, e o bolsonarismo precisa da visibilidade para se perpetuar. Por isso o melhor nesse caso é denunciar a postagem aos órgãos competentes, ou então denunciar nas redes sociais onde a publicação foi divulgada. A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva foi conquistada depois de um longo e árduo caminho, por isso não podemos reviver a mesma tragédia, sob o risco de Bolsonaro ser reeleito em 2026.
Temos que abandonar de vez essa relação tóxica de quatro anos que nos deixou marcas profundas. É preciso levar Jair Bolsonaro e seus pares de volta para o submundo e de onde ele jamais deveria ter saído. Não podemos repetir 2018. Que Bolsonaro seja objeto de desejo apenas da justiça brasileira, e a ele resta o nosso mais sincero grito: tchau, querido, até nunca mais!
quinta-feira, 27 de outubro de 2022
Ganhador de três prêmios Jabuti, João Carrascoza é o convidado de hoje no encontro sobre literatura em Suzano
Carrascoza cria tramas com profundidade, e narra histórias que podem parecer comuns, mas é daí que sua escrita encontra meios próprios de extrair os dramas de suas personagens/Foto: Arquivo Pessoal |
Nesta quinta-feira, o Trajetórias Literárias, evento coordenado pelo escritor Ademiro Alves de Sousa, o Sacolinha, recebe o escritor João Anzanello Carrascoza, autor de contos e romances. Mas antes de ir a Suzano, o escritor concedeu uma entrevista exclusiva para o Labareda Carmim.
Nascido em Cravinhos (SP), Carrascoza publicou os romances Trilogia do Adeus, Aos 7 e aos 40 e Elegia do
Irmão, além dos livros de contos Diário
das Coincidências, Aquela Água Toda
e Tramas de Meninos.
Recebeu, entre outros, três prêmios Jabuti, APCA, Fundação
Nacional do Livro Infantil e Juvenil, e da Fundação Biblioteca Nacional. Seu
primeiro livro, Hotel Solidão, foi
publicado em 1994. Algumas de suas histórias foram traduzidas para inglês,
francês, italiano, sueco e espanhol. É publicitário por formação, e atualmente
leciona na USP e na ESPM.
Nessa entrevista sobre Tramas
de Meninos, Carrascoza elabora a morte que está presente em muitos dos
contos e nos ajuda a pensar que essas tramas também podem ser ouvidas como
dramas de meninos, que se emaranham na relação conflituosa entre irmãos, como no
conto Nuvem, que são também tecidas pelo olhar do filho em Separação ao assistir a repetidas cenas de violência doméstica, ao mesmo tempo em que busca compreender que tipo de amor há
naquela relação, entre pai e mãe. É neste fio condutor atemporal que Carrascoza tece historias
de pessoas comuns, onde a profundidade desses dramas constitui um bordado de
cores, ora suaves, ora densas, mas sempre tramas.
Labareda Carmim –
O que o escritor João Carrascoza tirou de si, do menino João, para escrever
essas tramas de meninos?
João Carrascoza – A gente sempre tem um menino dentro da
gente. E o Tramas de Meninos me deu
uma ideia de construir um conjunto de contos, com uma ordenação espelhada,
sendo a primeira parte (Primeiros Fios) um conjunto de contos e a segunda
(Segundos Fios), outro conjunto de contos, formando outra fiação, outra
linhagem de historias, mas com uma correspondência entre o primeiro conto e o
último, e assim sucessivamente, para demonstrar os vários meninos: os que ainda
são meninos, os homens que se lembram de quando eram meninos, os homens velhos
que acessam os meninos que existem neles. E embora pareçam que sejam só tramas
de meninos, são tramas de meninas também, pois há várias personagens femininas.
LC – São tramas
de meninos, como também de meninos homens quando tomados por suas lembranças.
Somos meninos e meninas flertando com um corpo adulto que insiste em apagar a
própria infância?
JC – Muitas personagens estão na história para representar o
mundo feminino. São as meninas que a gente encontra no caminho. As meninas-irmãs,
as meninas-tias, as meninas-amigas... É por esse caminho que eu fui construindo
esse livro, para que ele tivesse essas narrativas se intercalando, e ao mesmo tempo
se entrelaçando para criar um espectro maior de trama, de desenho, no qual
tivessem identidades distintas, tanto de homens quanto de mulheres.
LC – Vidente é um conto que me toca, porque
não se trata da morte do outro (ainda que ela esteja ali como um medo
sufocante) mas da própria morte. E em muitos dos contos do livro, a morte está
de algum modo inscrita, às vezes descrita, ou então citada. Para você, falar de
morte, da morte, ou sobre a morte, te causa angústia, ou seria mais do que
isso, um alívio a uma angústia e que por isso escrever sobre é deitar num divã
imaginário?
JC – Com relação
ao conto Vidente, fico contente que
você tenha observado e feito uma leitura profunda dele, ele vai dialogar – porque
ele é o penúltimo conto da segunda parte – vai fazer um arco, reflexo, com o
segundo da primeira parte que é [o conto] Quem?.
Não se sabe quem morre num determinado acidente, você deve se lembrar. E também
em Vidente, o vidente está procurando
entender quem é que vai morrer, como ele sempre soube quem iria. E ele só vai
descobrir [alerta de spoiller] que é ele mesmo, como você mesmo pergunta.
Eu sempre tive uma relação com a morte desde menino,
observando que no fundo, apesar de ser um corte na existência, um corte
definitivo, a vida é muito mais valiosa porque há um fim para ela. Então, a
morte só se justifica porque há uma vida. Mas por outro lado, até quando a gente
vai morrer, a morte tem que ficar a espera, de joelhos ou não, quieta ou não,
mas de qualquer maneira, encarcerada, para que a gente possa realizar a vida,
que a vida possa se cumprir plenamente dentro do tempo que ela foi possível
realizar-se. Como a morte é o fim da consciência, não há de se sentir dor, nem
tristeza, nem perda, nem saudades, quem sentirá serão aqueles que estão.
Portanto, há de se preocupar com o que fazer da nossa vida, antes que a morte
chegue.
LC – “Como um
filho não se faz sem um homem, logo as amigas desaguaram a falar sobre seus
maridos (...)”. Sobre essa passagem no conto Presentes, a Ciência concordaria com o narrador, já as feministas
provavelmente não, e mais, diriam que um filho também se cria sem maridos. Dito
isso, eu te pergunto se a sua escrita dialoga com o feminismo, ou você se sente
livre para escrever à margem dessas falas que ressoam hoje na sociedade?
JC – A frase está
dentro de um contexto, de que a mulher precisa de um homem, não no sentido de
estar com ela para cuidar dos filhos, pois há muitas mulheres que cuidam de
seus filhos cujos pais são ausentes. Mas na conjuntura da narrativa, como as
amigas estão se encontrando para um chá de bebê, a ideia é de uma
relação com o lado do masculino, ou seja, por mais que você possa querer um
filho, é preciso ter a parte masculina desse filho, o sêmen do homem.
Na minha literatura você vai encontrar presenças femininas fortes,
até porque eu entrei para a literatura como escritor graças às mulheres: minha mãe, minha avó, minhas tias, minhas irmãs, primas, enfim, as
mulheres que circulavam muito na minha casa, que contavam muitas histórias
entre si, que eu gostava muito de ouvir, que me incentivaram a ler, como também
me incentivaram a escrever as histórias que vinham pra mim, então é um mundo
feminino no qual eu sou muito grato, e sempre procuro representar [todas] de maneiras
distintas: a mulher cuidadosa, a mulher que ama outra mulher... É possível
encontrar todas elas em outros textos que venho escrevendo.
JC – A literatura brasileira tem se movido bastante com a
grande inclusão de escritores, tanto da prosa quanto da crônica e do romance, e mesmo
da poesia, até da não-ficção, do ensaio crítico, dando espaço para muito
segmento minoritário, como vemos, por exemplo, a literatura de causas negras, a literatura
indígena, enfim, são novas temáticas e de posição de grupos que antes tinham
pouco espaço em função de um certo monopólio editorial, monopólio de mercado,
monopólio acadêmico e do campo literário. Fico feliz de ver esse movimento de
grande abertura, o que amplia a pluralidade e a beleza da literatura feita
entre nós.
Texto: Elisa Marina
Trajetórias Literárias
Quando: Hoje, às
20h
Onde: Cineteatro
Wilma Bentivegna
Rua
Paraná, 70 – Jardim Paulista – Suzano
Entrada gratuita
quinta-feira, 6 de outubro de 2022
A música do pianista Ricardo de Deus em conexão com o íntimo de cada um
Ricardo de Deus se apresenta em Suzano com seu mais recente trabalho, Piano e Sentimento/Foto: Arquivo Pessoal |
O que é música? Certa vez, diante dessa questão, assim disse o compositor brasileiro Edu Lobo: Música não quer dizer nada, ela quer dizer música. Num primeiro momento, pode até parecer uma resposta simplista para um renomado músico, mas se sairmos da superficialidade da resposta, e nos aprofundarmos numa linha, digamos, filosófica, chegaríamos ao ponto de entender que música não é um estado de ser, mas um estar; portanto, estar em música a partir da existência do próprio sujeito. A música estaria, então, para o homem como o ar o está para que ele, este homem, possa assim existir. Seu coração bate em compasso – lento ou apressado, pouco importa – mas a música está nele, está em mim, está em nós. E em nós, nos enlaça e nos conecta com o nosso íntimo, com ao ponto de nos provocar euforia, prazer e relaxamento, basta, para isso, deixar-se levar por ela, a música.
Na Grécia Antiga, música era dita como mousiké, atividade proveniente das musas, não somente a música instrumental, e sim música e poesia, onde os poemas não eram escritos e recitados, mas cantados. Nesse sentido, fica fácil entender o projeto do músico suzanense Ricardo de Deus, cuja música se conecta com a divindade a partir do seu próprio nome. Piano e Sentimento é um projeto que proporciona relaxamento, tranquilidade, paz, introspecção numa sessão de musicoterapia, que nada mais é do que um método que utiliza a música e o som para estabelecer a comunicação e o vínculo necessário para conquistar objetivos de caráter terapêutico.
Para Ricardo de Deus, pianista com turnês realizadas na Europa e Ásia, o piano é um instrumento versátil, com uma extensão de oitenta e oito notas, que possibilita infinitas formas de serem tocadas, com diversas combinações sonoras e de interpretações. Através dessas características do piano, e com esse potencial de cores e texturas, quando ouvimos uma música tocada por esse instrumento, nos propicia momentos de relaxamento, tranquilidade, paz e introspecção. Não por acaso, Frédéric Chopin (1810-1849), o compositor mais importante para piano do período romântico, é influência no trabalho deste pianista natural da cidade de Suzano.
Sobre o artista
Pianista e compositor, Ricardo de Deus viveu em Cabo Verde
por dezoito anos, onde, além de tocar em vários grupos e acompanhar artistas,
foi professor no Centro Cultural Brasil-Cabo Verde e na Universidade de Cabo Verde. Por lá, junto a
dois músicos angolanos, criou o Ricardo
de Deus Trio, que em 2014 foi
indicado ao Cabo Verde Music Awards, evento anual que premia os melhores da
música em Cabo Verde.
De volta ao Brasil, em 2017, dedica-se à carreira solo, e
faz também participações pontuais em diferentes projetos como o concerto da
orquestra Brasil Filarmônica Wind Orchestra
(2022). Seu primeiro trabalho, Fragmentos (2006), apresenta
composições inéditas numa fusão entre a bossa-nova, choro, ritmos africanos,
música cabo-verdiana, jazz e música clássica. Vem de Lá, de 2016,
também autoral, une instrumental com vocal, e dá espaço para a
improvisação, com a participação de músicos brasileiros, cabo-verdianos, e
espanhol. Em Piano e Sentimento, de 2020, Ricardo de Deus propõe uma espécie de
terapia sonora, com um convite ao ouvinte para entrar em um estado de paz,
tranquilidade e relaxamento, em sintonia com a sua ligação à prática do yoga.
Piano e Sentimento
Quando: 08 de
setembro de 2022
Horário: 19h
Local: Anfiteatro
Orlando Digênova
Rua Benjamim Constant, 682 – Suzano – SP
Entrada gratuita
quarta-feira, 28 de setembro de 2022
O artista brasileiro que causou desconforto e emoção na cantora Madonna
Em agosto desse ano, completou-se sessenta anos da morte da atriz, modelo e cantora Marilyn Monroe, morta aos 36 anos/Foto: Arquivo Pessoal |
Por essa razão, deparar-se de com a própria imagem com
muitos anos a mais para além da idade atual pode causar espanto em qualquer um,
principalmente nos vaidosos e apreciadores de procedimentos estéticos que
prometem rejuvenescer a aparência com a redução das marcas de expressão. Motivo
pelo qual o artista digital Hidreley Leli Dião achou por bem retirar do seu Instagram o resultado obtido a partir de
fotos da cantora Anitta, até mesmo para não virar alvo dos fãs da artista, uma
vez que seu trabalho consiste em envelhecer digitalmente fotografias.
Michael Jackson faleceu em 2009, aos 50 anos de idade/ Foto: Arquivo Pessoal |
Tudo começou seis anos atrás quando Hidreley tinha que criar conteúdo para um site de entretenimento onde publicava seus artigos. Foi então que ele teve a ideia de envelhecer artistas mundialmente conhecidos, - astros e estrelas de Hollywood -, uma vez que sua especialidade era com o Adobe Photoshop, um software de edição de imagens. A primeira delas, Marilyn Monroe, não está viva para nos contar sua avaliação, mas a rainha do pop Madonna a princípio não gostou de ver uma foto sua (e sem filtros) com anos a mais do que os seus atuais sessenta e quatro anos de idade, respondendo a ele, Hidreley, com um emoji nada amistoso.
No entanto, o que poderia até render-lhe um processo jurídico, acabou por aproximar a estrela deste botucatuense de 33 anos de idade. Hidreley recebeu da própria Madonna um pedido para envelhecer a foto da mãe morta há quase sessenta anos, e que hoje teria 89 anos de idade. “Foi surreal, incrível ter o reconhecimento [do meu trabalho] da Madonna. Me senti lisonjeado, orgulhoso. Sempre irei guardar [isso].”, comenta o comerciante do interior paulista, e que fica a 270 quilômetros da capital.
De um emoji de reprovação pela foto acima, a um pedido afetuoso, assim foi o contato entre Madonna e Hidreley/Foto: Arquivo Pessoal |
Em sua conta no Instagram
é possível conferir todos estes trabalhos. Estão por lá um idoso Renato Russo,
um envelhecido Patrick Swayze, e uma majestosa princesa Diana. Além de personagens
de desenhos animados transformados em humanos, como a doce Bete de Os Flintstones, e a reconstrução da
múmia do rei Tutmés IV, faraó da 18ª Dinastia egípcia. Em breve será possível conferir também e pessoalmente a arte de Hidreley Dião em uma exposição a ser realizada
na cidade de Botucatu.
Texto: Elisa Marina
segunda-feira, 19 de setembro de 2022
Conto de Segunda: Virgínia, a loba solitária
Ela vai despertar depois de ter tido o seu pior pesadelo, achando que aquele tinha sido o seu pior pesadelo, embora aquele fosse só o prenúncio do pior pesadelo que estaria por vir.
quarta-feira, 14 de setembro de 2022
Noite de estreia do Curta Suzano expõe dificuldades dos atores negros no audiovisual. Exibição dos filmes da mostra segue até sexta-feira
Ao lado do escritor Escobar Franelas, (à esq.) um dos coordenadores do Curta Suzano, o ator Adolfo Moura, convidado especial no primeiro dia da mostra/Foto: Elisa Marina |
Racismo, discriminação nos testes de elenco, ausência de um protagonismo negro no audiovisual. Todos esses temas sustentaram a fala do ator gaúcho Adolfo Moura durante sua participação como convidado especial na abertura do 6º Curta Suzano – Mostra de Curtas-metragens do Alto Tietê, na noite da última terça-feira. No entanto, quando questionado do seu posicionamento sobre a escolha de atores negros para personagens de menos destaque no cinema ou na televisão como se a eles coubessem apenas papéis secundários, o ator apresentou um olhar peculiar acerca dessa polêmica. "O problema é quando não se constrói uma historia com seus respectivos conflitos para estes personagens. O empregado tem uma família, tem seus dramas particulares, e por que deixá-lo com um ‘enfeite’, que está ali apenas para servir à família”, enfatizou Adolfo Moura.
O Curta Suzano,
em sua 6ª edição, tem se tornado uma referência do audiovisual quando se propõe a dar protagonismo à região do Alto Tietê. “Precisamos produzir para contar a nossa própria
história”, com essas palavras, o secretário de Cultura de Suzano, o
vice-prefeito Walmir Pinto, sintetizou sua visão da importância que o Curta Suzano representa para as doze cidades que
compõem a região.
Do cinturão verde de Mogi das Cruzes, passando pela Fonte Áurea de Poá, e chegando à Igreja do Baruel em Suzano, o Alto Tietê representa uma população de aproximadamente 2.900.000 habitantes. E que quando volta seu olhar para si, é capaz de produzir todos os anos centenas de filmes competitivos, o que pode ser conferido nos 41 filmes selecionados para a mostra, incluindo aí também curtas-metragens de outros estados e que concorrem na categoria Panorama Brasil.
As exibições desses curtas começaram ontem, e se estenderão até a próxima sexta-feira. No sábado, data da premiação, estão programados a realização de uma oficina de produção audiovisual,
e um bate-papo com o ator Alexandre Rodrigues, o Buscapé do filme Cidade de
Deus, e a cineasta Viviane Ferreira, que dirigiu o Comitê Brasileiro de Escolha do
Oscar em 2021.
Acompanhe a programação completa em: www.curtasuzano.com.br
Estatuetas criadas por Koral Alvarenga foram produzidas com madeira e papelão/Foto: Divulgação |
Partindo da imagem de um corpo humano sem gênero definido, a artista da tecnologia Koral Alvarenga se apropriou de seu
estilo, que se conecta entre o digital e o físico, para criar as
estatuetas da premiação do Curta Suzano.
“Desenvolvi a modelagem 3D e depois usei uma técnica de fatiamento na qual eu poderia usar uma máquina de corte a laser para cortar materiais de forma igual e seriada. E depois fui para uma pesquisa de materiais que podiam ser utilizados nessa máquina e descobri o papelão. Após alguns testes, percebi que precisaria também usar a madeira para dar à obra resistência e durabilidade”, explica Koral, que adequou a produção das estatuetas à proposta dos organizadores da mostra no que tange à confecção das esculturas da premiação, que é a utilização de materiais recicláveis.
“Eu entrei em conta com empresas de madeira, e com esse material eu
criei a estrutura do trabalho, mesclando a madeira reaproveitada e o papelão de
caixas de supermercado. Depois, toda a parte de montagem é feita manualmente
assim como a pintura. O nome desse trabalho é Identidades Neo Urbanas 5.0”,
finaliza Koral.
Texto: Elisa Marina
sexta-feira, 9 de setembro de 2022
6ª edição do Curta Suzano acontece na próxima semana com a presença do ator Adolfo Moura
No papel de Cartola, o ator Adolfo Moura dividiu o palco com Gero Camilo, Nilcéia Vicente e Victor Mendes na peça Razão Social(2017)/Foto: Divulgação |
De 13 a 17 de setembro acontece a 6ª edição do Curta Suzano – Mostra de Curtas-metragens do Alto Tietê, só que dessa vez de modo presencial, diferente do ocorrido nas duas últimas edições apresentadas de modo virtual em razão da pandemia de Covid-19. “Para nós, a sexta edição é como se fosse a primeira, e isso nos provoca uma enorme ansiedade”, é como define Escobar Franelas um dos coordenadores da mostra.
Na
primeira noite, dia 13, o ator Adolfo Moura é o artista convidado para bater um
papo com o público presente, um ator negro cuja presença vai ao encontro da
razão de ser do próprio Curta Suzano, que é dar visibilidade ao trabalho de
pessoas pretas, indígenas, às mulheres, como também pessoas LGBTQIAP+. “Nosso
diferencial é apresentar outra faceta do cinema, onde essas pessoas têm vez
para dar voz às suas produções”. Não por acaso, é uma mulher quem assina a criação
das estatuetas da premiação, no caso, a artista multimídia Koral Alvarenga. “Buscamos
por artistas que imprimam nessas obras uma mensagem que esteja dentro da nossa
procura pela inclusão. Os troféus, criados com exclusividade para o Curta Suzano, obedecem
às nossas premissas: serem confeccionados com material sustentável, e que estas
obras tragam algum tipo de referência sobre o Alto Tietê, seja através de uma
marca simbólica, mitológica ou estética”. Escobar conta que Koral foi além, “ela
nos apresentou uma proposta totalmente multimídia, com uma produção feita toda
de forma digital e impressa em 3D, o que adequou-se ao nosso orçamento, sem desvalorizar
o trabalho dela”.
Se para
os organizadores do Curta Suzano realizar essa edição tem causado certo
frisson, é possível supor o quanto que diretores, atores, roteiristas, atrizes,
produtores, estejam muito mais ansiosos para mostrar ao público as suas
produções.
Texto: Elisa Marina
6º
Curta Suzano – Mostra de Curtas-metragens do Alto Tietê
De 13 a 17 de setembro de 2022
Evento gratuito
Programação
13/9 – Abertura – 19h
Cineteatro
Wilma Bentivegna
R. Paraná,
70, centro de Suzano
Convidado especial: ator Adolfo Moura
Música:
Dom Vinera (participação de Paulo Miranda)
14/9 – 10h
Cineteatro
Wilma Bentivegna
R. Paraná,
70, centro de Suzano
SESSÃO SANTA ISABEL - Classificação Livre
Através dos sentidos - Gilson Nascimento (Rio Janeiro-RJ) 15´ - L
Yabá
- Rodrigo Sena (Natal-RN) 12´ - L
Meu
nome é Maalum - Luísa Copetti (Rio Janeiro-RJ) 8´ - L
TOTAL: 45´
Cineteatro Wilma Bentivegna – 14h
R. Paraná, 70, centro de Suzano
SESSÃO MOGI DAS CRUZES - Classificação Livre
Penélope - Luciana Jacob (Piracicaba-SP) 15´ - L
Duas - Ana Cavazzana (Curitiba-PR) 20´ - L
TOTAL: 52´
Cineteatro
Wilma Bentivegna – 17h
R. Paraná,
70, centro de Suzano
SESSÃO ARUJÁ -
Classificação Livre
Durante o banho - Gabriel Ferreira (Guarulhos-SP) 10´- L
Escrevendo o mundo - Daniel Neves (Guarulhos-SP) 25´- L
Outdoor - Rafael dos Anjos (Guarulhos-SP) 5´- L
Silenci(AR) - Felipe Lima (Suzano-SP) 7´- L
TOTAL: 58´
Cineteatro
Wilma Bentivegna – 19h30
R.
Paraná, 70, centro de Suzano)
SESSÃO SANTA BRANCA - Classificação indicativa 12
anos
Ensino fundamental - Lucas Scupino (São Paulo-SP) 13´- 10 anos
Guiné - Danilo Cica e Sheila dos Anjos (São Paulo-SP)
13´ - 10 anos
O braço dela - Eduardo Chaves (Niterói-RJ) 14´ - 10 anos
Total: 60´
15/9
Centro Cultural. Francisco Carlos Moriconi
– 10h
R. Benjamin Constant, 682, centro de
Suzano
SESSÃO SALESÓPOLIS - Classificação Livre
Maia - Renato
Prado (Curitiba-PR) 16´ - L
Ana Rúbia - Diego Baraldi e Íris Alves Lacerda (Rondonópolis-MS) 18´- L
TOTAL: 50´
Centro Cultural Francisco Carlos Moriconi
R. Benjamin Constant, 682, centro de
Suzano - 14h
SESSÃO ITAQUAQUECETUBA - Classificação Livre
Lina - Melise
Fremiot (Nova Iguaçu-RJ) 25´ - L
Madá - San Marcelo (Bragança-PA) 22´ - L
TOTAL: 50´
Centro Cultural Francisco Carlos Moriconi
R. Benjamin Constant, 682, centro de
Suzano - 17h
SESSÃO FERRAZ DE VASCONCELOS - Classificação Livre
Juízo, menino… - Diego
dos Anjos (Rio de Janeiro-RJ) 25´ - L
TOTAL: 48´
Centro Cultural Francisco Carlos Moriconi
R. Benjamin Constant, 682, centro de
Suzano - 19:30h
SESSÃO GUARAREMA - Classificação 14 anos
Inhuman - Kadu Sasso (Suzano-SP) 3´- L
O desconhecido - Allan Gonçalves (Mogi das Cruzes-SP) 7´- L
O navio do universo - Renato Queiroz e Daniel Neves (Guarulhos-SP)
22´- L
Vazão - Michelle Brito e Guillermo Alves (Ferraz de Vasconcelos-SP) 18´ - 14
anos
TOTAL: 60´
16/9
Cineteatro
Wilma Bentivegna
R. Paraná,
70, centro de Suzano - 10h
SESSÃO POÁ -
Classificação Livre
A grande luta - Júlio Sales (Belo Horizonte-MG) 25´- L
Veneno - Kauan Oliveira (Vitória da Conquista-BA) 22´ - L
TOTAL: 50´
Cineteatro
Wilma Bentivegna
R. Paraná,
70, centro de Suzano - 14h
SESSÃO GUARULHOS - Classificação Livre
Entre muros - Gleison Mota (Feira de Santana-BA) 15´- L
Da janela vejo o mundo - Ana Catarina Lugarini (Curitiba-PR) 15´- L
TOTAL: 48´
Cineteatro
Wilma Bentivegna
R. Paraná,
70, centro de Suzano - 17h
SESSÃO BIRITIBA MIRIM - Classificação Livre
Perdidos em Casa - Nicolás Ignacio (Suzano-SP) 15´- L
Ponto e Vírgula - Carol Dantas (Guarulhos-SP) 10´- L
Reticências - Gael Teles (Guarulhos-SP) 14´- L
Um artista da fome - Moisés Pantolfi (Guarulhos-SP) 5´- L
TOTAL: 56´
Cineteatro
Wilma Bentivegna
R. Paraná,
70, centro de Suzano - 19:30h
SESSÃO SUZANO - Classificação indicativa - 16 anos
Entreolhares - Ivan Willig (Pedra Azul-ES) 20´ - 16 anos
Eu te amo é no sol - Yasmim
Guimarães (Belo Horizonte-MG) 19´ - 16 anos
Total: 57´
17/9
10h - Oficina: Produção Executiva para
Audiovisual
Com Lico
Cardoso, roteirista, montador e produtor audiovisual
Cineteatro
Wilma Bentivegna
R. Paraná,
70, centro de Suzano
15h - Oficina: Editais e Captação de Recursos
para Audiovisual
Com Binho
Perinotto, poeta, pedagogo (UNESP), consultor e gestor cultural
Cineteatro
Wilma Bentivegna
R. Paraná,
70, centro de Suzano
17h - Bate papo com Alexandre Rodrigues, ator
Cineteatro
Wilma Bentivegna
R. Paraná,
70, centro de Suzano - 18h
18h - Aula Magna com Viviane Ferreira, atriz, diretora e roteirista, presidente da APAN
(Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro) e do Conselho Brasileiro de
Seleção do Oscar 2021
Cineteatro
Wilma Bentivegna
R. Paraná,
70, centro de Suzano
19h - Entrega dos prêmios
Cineteatro
Wilma Bentivegna
R. Paraná,
70, centro de Suzano