quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Noite de estreia do Curta Suzano expõe dificuldades dos atores negros no audiovisual. Exibição dos filmes da mostra segue até sexta-feira

Ao lado do escritor Escobar Franelas,
(à esq.) um dos coordenadores do Curta
Suzano, o ator Adolfo Moura, 
convidado especial no primeiro dia 
da mostra/Foto: Elisa Marina

Racismo, discriminação nos testes de elenco, ausência de um protagonismo negro no audiovisual. Todos esses temas sustentaram a fala do ator gaúcho Adolfo Moura durante sua participação como convidado especial na abertura do 6º Curta Suzano – Mostra de Curtas-metragens do Alto Tietê, na noite da última terça-feira. No entanto, quando questionado do seu posicionamento sobre a escolha de atores negros para personagens de menos destaque no cinema ou na televisão como se a eles coubessem apenas papéis secundários, o ator apresentou um olhar peculiar acerca dessa polêmica. "O problema é quando não se constrói uma historia com seus respectivos conflitos para estes personagens. O empregado tem uma família, tem seus dramas particulares, e por que deixá-lo com um ‘enfeite’, que está ali apenas para servir à família”, enfatizou Adolfo Moura.

O Curta Suzano, em sua 6ª edição, tem se tornado uma referência do audiovisual quando se propõe a dar protagonismo à região do Alto Tietê. “Precisamos produzir para contar a nossa própria história”, com essas palavras, o secretário de Cultura de Suzano, o vice-prefeito Walmir Pinto, sintetizou sua visão da importância que o Curta Suzano representa para as doze cidades que compõem a região. 

Do cinturão verde de Mogi das Cruzes, passando pela Fonte Áurea de Poá, e chegando à Igreja do Baruel em Suzano, o Alto Tietê representa uma população de aproximadamente 2.900.000 habitantes. E que quando volta seu olhar para si, é capaz de produzir todos os anos centenas de filmes competitivos, o que pode ser conferido nos 41 filmes selecionados para a mostra, incluindo aí também curtas-metragens de outros estados e que concorrem na categoria Panorama Brasil. 

As exibições desses curtas começaram ontem, e se estenderão até a próxima sexta-feira. No sábado, data da premiação, estão programados a realização de uma oficina de produção audiovisual, e um bate-papo com o ator Alexandre Rodrigues, o Buscapé do filme Cidade de Deus, e a cineasta Viviane Ferreira, que dirigiu o Comitê Brasileiro de Escolha do Oscar em 2021.

Acompanhe a programação completa em: www.curtasuzano.com.br

Estatuetas criadas por Koral
Alvarenga foram produzidas
com madeira e papelão/Foto:
Divulgação
Madeira e papelão compõem as estatuetas da premiação

Partindo da imagem de um corpo humano sem gênero definido, a artista da tecnologia Koral Alvarenga se apropriou de seu estilo, que se conecta entre o digital e o físico, para criar as estatuetas da premiação do Curta Suzano.

“Desenvolvi a modelagem 3D e depois usei uma técnica de fatiamento na qual eu poderia usar uma máquina de corte a laser para cortar materiais de forma igual e seriada. E depois fui para uma pesquisa de materiais que podiam ser utilizados nessa máquina e descobri o papelão. Após alguns testes, percebi que precisaria também usar a madeira para dar à obra resistência e durabilidade”, explica Koral, que adequou a produção das estatuetas à proposta dos organizadores da mostra no que tange à confecção das esculturas da premiação, que é a utilização de materiais recicláveis.

 “Eu entrei em conta com empresas de madeira, e com esse material eu criei a estrutura do trabalho, mesclando a madeira reaproveitada e o papelão de caixas de supermercado. Depois, toda a parte de montagem é feita manualmente assim como a pintura. O nome desse trabalho é Identidades Neo Urbanas 5.0”, finaliza Koral.

Texto: Elisa Marina


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