terça-feira, 22 de março de 2022

Adinkra, a cultura em símbolos como resistência de um povo

Você já parou para pensar que aquele portão de ferro do seu vizinho e que você tanto admira tem contornos que não estão ali ao acaso? Não se tratam de uma inspiração divina de um ferreiro, mas fazem parte de um conjunto de símbolos que representam ideias expressas em provérbios africanos. Trata-se do Adinkra, uma tradição herdada dos povos Akan da África ocidental, em Gana Togo e Costa do Marfim. É um entre vários sistemas de escrita africanos, fato que contraria a noção de que o conhecimento africano se resumiria apenas à oralidade.

Dentre estes ideogramas, o Sankofa é representado por um pássaro mítico que volta a cabeça à cauda e carrega no seu bico um ovo, o que pode ser traduzido como um retorno ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro.

Os Ashanti de Gana usam os símbolos Adinkra para representar provérbios ou ideias filosóficas. Sankofa é uma realização do eu, individual e coletivo. O que quer que seja que tenha sido perdido, esquecido, renunciado ou privado, pode ser reclamado, reavivado, preservador ou perpetuado.

Símbolo Adinkra que representa a força

Apesar do uso dos símbolos Adinkra ser no ornamento dos tecidos, eles também são usados em cerâmica, logotipos, projetos comerciais, e até mesmo como símbolos arquitetônicos, enfeitando casas e palácios.

E foi durante o período da escravidão que as pessoas aqui escravizadas, submetidas ao trabalho forçado e à violência, usaram de suas memórias e raízes na realização destes trabalhos, como espaço de resistência. Assim como os africanos ferreiros que esculpiram em seu trabalho símbolos Adinkra, sendo o Sankofa o mais utilizado como simbologia de luta, e de preservação de suas histórias.



Texto: Elisa Marina

Fonte:

Itaucultural – Ocupação Abdias do Nascimento

Portal Fiocruz

 

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