Fátima al-Fihri, mulher muçulmana nascida no ano de 800 |
Começou na África, e pelas mãos de uma mulher, o que se
pensa, se sabe e se entende por ensino acadêmico, e mais precisamente na cidade
de Fez, no Marrocos, que surgiu a mais antiga instituição de
ensino superior do mundo - e ainda em funcionamento – a Universidade al-Quarawiyyinn.
Com a herança deixada pelo pai, um comerciante rico que se
estabeleceu em Fez vindo de Cairuão, hoje Tunísia, e do marido, Fátima
al-Fihri, mulher árabe e muçulmana, mandou construir, no ano de 859, uma
mesquita que se transformou na famosa universidade. Fátima quis construir um
edifício suficientemente grande para que houvesse espaço para toda a população,
que crescia cada vez mais. A partir do século X, a mesquita de al-Qarawiyyinn
tornou-se o primeiro centro de estudos religiosos e a maior universidade árabe
do Norte de África, onde ocorriam regularmente simpósios e debates, uma vez que
à época, mesquitas, além de locais de culto e caridade, também serviam de
locais de estudos, logo, um espaço de disseminação do conhecimento.
A instituição tornou-se um lugar fomentador do saber, de
interações políticas e sociais, e enquanto a Europa estava mergulhada no
obscurantismo da Idade Média, em Fez já eram feitas importantes contribuições
para a filosofia, matemática, engenharia, arquitetura, medicina, cartografia, e
que só seriam descobertas pelo ocidente durante a Renascença. Um dos seus
alunos ilustres foi o Papa Silvestre II, responsável por introduzir e
popularizar os números arábicos na Europa e o conceito do zero.
A universidade criada por Fatima é, de acordo com a UNESCO e
o Livro dos Recordes do Guiness, mais antiga que as primeiras universidades
europeias, pois é considerada como data de referência o ano em que
al-Quarawiyyin foi fundada como mesquita. Atualmente, a universidade oferece
cursos de graduação, pós-graduação e programas de doutorado, e dispõe de cinco
periódicos especializados.
Nascida em 800, até hoje a vida de Fatima al-Fihri é
guardada de muitos segredos, inclusive a data da sua morte, porém seu legado
deu nome, em 2017, à criação de um prêmio na Tunísia que visa apoiar
iniciativas que encorajem o acesso das mulheres à formação profissional.
Por Elisa Marina
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