segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Fátima al-Fihri, a muçulmana que criou a primeira e mais antiga universidade do mundo

 

Fátima al-Fihri, mulher muçulmana nascida
no ano de 800

Começou na África, e pelas mãos de uma mulher, o que se pensa, se sabe e se entende por ensino acadêmico, e mais precisamente na cidade de Fez, no Marrocos, que surgiu a mais antiga instituição de ensino superior do mundo - e ainda em funcionamento – a Universidade al-Quarawiyyinn.

Com a herança deixada pelo pai, um comerciante rico que se estabeleceu em Fez vindo de Cairuão, hoje Tunísia, e do marido, Fátima al-Fihri, mulher árabe e muçulmana, mandou construir, no ano de 859, uma mesquita que se transformou na famosa universidade. Fátima quis construir um edifício suficientemente grande para que houvesse espaço para toda a população, que crescia cada vez mais. A partir do século X, a mesquita de al-Qarawiyyinn tornou-se o primeiro centro de estudos religiosos e a maior universidade árabe do Norte de África, onde ocorriam regularmente simpósios e debates, uma vez que à época, mesquitas, além de locais de culto e caridade, também serviam de locais de estudos, logo, um espaço de disseminação do conhecimento.

A instituição tornou-se um lugar fomentador do saber, de interações políticas e sociais, e enquanto a Europa estava mergulhada no obscurantismo da Idade Média, em Fez já eram feitas importantes contribuições para a filosofia, matemática, engenharia, arquitetura, medicina, cartografia, e que só seriam descobertas pelo ocidente durante a Renascença. Um dos seus alunos ilustres foi o Papa Silvestre II, responsável por introduzir e popularizar os números arábicos na Europa e o conceito do zero.

A universidade criada por Fatima é, de acordo com a UNESCO e o Livro dos Recordes do Guiness, mais antiga que as primeiras universidades europeias, pois é considerada como data de referência o ano em que al-Quarawiyyin foi fundada como mesquita. Atualmente, a universidade oferece cursos de graduação, pós-graduação e programas de doutorado, e dispõe de cinco periódicos especializados.

Nascida em 800, até hoje a vida de Fatima al-Fihri é guardada de muitos segredos, inclusive a data da sua morte, porém seu legado deu nome, em 2017, à criação de um prêmio na Tunísia que visa apoiar iniciativas que encorajem o acesso das mulheres à formação profissional.

Por Elisa Marina

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