Preguiça (2017), Óleo em Tela, Veloso - Portugal Série de obras do artista português Veloso tendo como temática os sete pecados |
Entende-se por preguiça a falta de disposição para realizar
determinada tarefa, ou até mesmo uma aversão ao trabalho. No entanto, não há
definições psiquiátricas que classifiquem a preguiça como patologia, mesmo
porque momentos de ócio são muito indicados para a manutenção da saúde mental.
Porém, a preguiça pode ser sintoma de algumas patologias, tais como a
narcolepsia, e a depressão, por exemplo.
Mas a preguiça pode servir de inspiração para poetas, como
quando Manoel de Barros diz: tenho preguiça
de ser sério. Já Mario Quintana foi mais incisivo. A preguiça é a mãe do progresso/ Se o homem não tivesse preguiça de
caminhar/ Não teria inventado a roda. Na contramão dos poetas, o físico
Albert Einstein dizia que a leitura após
certa idade distrai excessivamente o espírito humano das suas reflexões
criadoras. Todo o homem que lê demais e usa o cérebro de menos adquire a
preguiça de pensar. Uma definição que se aproxima do vazio existencial e
inquietante de Charles Bukowski. Tudo o
que era mau atraía-me: gostava de beber, era preguiçoso, não defendia nenhuma
opinião política, nenhuma ideia, nenhum ideal. Eu estava instalado no vazio, na
inexistência, e aceitava isso. Tudo isso fazia de mim uma pessoa
desinteressante. Mas eu não queria ser interessante, era muito difícil.
Fernando Pessoa via na preguiça, liberdade, uma fuga às obrigações e às maçadas
que implicam. Ai que prazer/ Não cumprir
um dever/Ter um livro para ler/ E não o fazer!/ Ler é maçada,/ Estudar é nada./
O sol doira/ Sem literatura.
Por outro lado, o catolicismo com seu fundamentalismo nada poético, e muito menos científico, apresenta a preguiça
como um de seus sete pecados capitais, caracterizado pela pessoa que vive um
estado de falta de capricho, de esmero, de empenho. Nas escrituras cristãs,
esse pecado é visto como um vício primário, mais perigoso e debilitador do que
o orgulho ou a inveja, um tipo de exaustão do espírito.
A preguiça é sua, ela lhe pertence, lhe toma com efeitos paralisantes, angustiantes ou estimulantes. Seja como for, se você chegou até aqui, é provável que a leitura desse texto não lhe tenha causado preguiça,
o que para uma jornalista é a satisfação máxima de seu trabalho, que é
fazer a mensagem chegar - por completo - a seu destino, ainda mais quando em tempos
de redes sociais, por preguiça, o leitor reduz a leitura de uma notícia apenas ao seu título, e que como consequência, o nível de compreensão dos fatos não ultrapassa a superficialidade. Que
preguiça desses tempos!
Elisa Marina
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