Houve um tempo em que uma pessoa LGBTQIA+ era classificada
como alguém portadora de uma doença que a condicionava a ser quem ela era. Esse
dia deixou de existir a partir do dia 17 de maio de 1990 quando a Organização
Mundial de Saúde (OMS) deixou de considerar a homossexualidade como uma doença.
Essa foi apenas uma luta vencida, porque o caminho para o reconhecimento como
pessoas que devem ter seus direitos garantidos – e assistidos – ainda encontra
duras pedras.
Alexandra Braga, professora da rede municipal de ensino de
Mogi das Cruzes, fundadora e vice-presidente do Fórum Mogiano LGBTQIA+, em entrevista para o Labareda Carmim, avalia
que o ativismo “ainda implora por migalhas”, ou seja, por direitos mais que
básicos, incluindo aí até mesmo o acesso ao direito fundamental da saúde. O
movimento que ela coordena conseguiu com o plenário da Câmara da cidade a
criação de um laboratório de atendimento em saúde, mas ela já deduz que haverá
resistência quanto a sua implantação, “por haver uma clara posição contrária ao
nosso ativismo por parte do poder público”. E completa. “Eles não falam
abertamente, mas sabemos que de forma velada essa discriminação existe”. Por
essa razão ela entende como urgente
eleger mais pessoas ligadas à causa, já nas eleições desse ano, que é
quando os eleitores do Brasil irão às urnas para escolher os próximos deputados
(federal e estadual), senadores, governadores e o mais urgente dentre todos os
cargos, o chefe do Executivo. “Temos que eleger outro presidente, e que seja no
primeiro turno”, destaca a professora.
Alexandra Braga, fundadora e vice- presidente do Fórum Mogiano LGBTQIA+/Foto: Arquivo Pessoal |
No entanto, algumas ações públicas na região devem ser destacadas, mesmo que aconteçam de forma tímida, é o caso de Suzano, onde a Secretaria de Saúde local pretende adequar novas práticas de acompanhamento integral a pessoas transexuais nas unidades da rede municipal ainda neste semestre. Entre os serviços oferecidos pela unidade de referência estão o acompanhamento médico de endocrinologia, psiquiatria e ginecologia, o apoio psicossocial nas fases pré e pós-cirurgia de transgenitalização e nos procedimentos de hormonoterapia. E dar auxílio em casos de complicações decorrentes do uso inadequado e prolongado de hormônios e silicone industrial.
E para que novas políticas públicas avancem é preciso,
ainda, muito ativismo, sobretudo porque em Mogi, o Fórum Mogiano terá de
encontrar meios próprios para poder se posicionar, uma vez que os vereadores da
cidade em sua maioria votaram contra à reivindicação do movimento que tinha
como proposta a oficialização da parada do orgulho LGBTQIA+, para que fizesse
parte do calendário oficial de Mogi das Cruzes. O que deixa claro o descaso com
essa parcela da população, mesmo porque o direito à livre manifestação é o
primeiro passo para a reivindicação de todo e qualquer direto.
Texto: Elisa Marina
Nenhum comentário:
Postar um comentário