A arte de Canela também se revela nos quadros de pinturas a óleo/ Foto: Arquivo Pessoal |
Partindo de uma filosófica análise sobre o próprio trabalho, em que tatuagem não é arte sobre arte, e sim, arte em vidas, Edson Canela, ao longo de seus quarenta anos de profissão, tem dado vida à sua arte nas mais de três dezenas de milhares de corpos que se fizeram – e se fazem – de telas para que um novo desenho ganhasse vida. No entanto, seria razoável dizer que tatuagem é uma sobrevida arte que se mantém viva até a finitude da tela que se permitiu tatuar, no entanto, como toda e qualquer manifestação artística, ela também sobrevive à existência do próprio artista, mesmo que nela este não imprima uma assinatura.
Tomo a liberdade de dizer que tatuagem
é a arte sem identificação do artista, porém há ali uma cumplicidade entre tela
e tatuador, e nesse caso pode-se afirmar que ter sido pioneiro e único tatuador
por cerca de quinze anos e num tempo em que rebeldia e tatuagem andavam de mãos
dadas, Canela tem voz consistente para traduzir
as palavras e ideias em uma arte, conforme ele mesmo se descreve.
LABAREDA CARMIM - Um dia,
seu corpo é uma tela em branco. Aí então você decide e, com muita insegurança,
faz uma pequena tatuagem. Gosta. Faz outra, mas ouve falar da tal lenda que diz
que “dá azar ter tatuagens em números pares”. E então, quando vê, já são cinco,
sete, dezenas... Que vício é esse que nos atenta a deixar de lado a incômoda
dor que o processo de tatuagem causa para tatuarmos tantas outras vezes o nosso
corpo?
Sua especialidade é em tatuagem tradicional, em preto-sombra e free-hand/ Foto: Arquivo Pessoal |
Canela – No meu ponto de vista, geralmente, a pessoa pensa muito em relação à primeira tatuagem, [através da qual] ela quebra os próprios preconceitos, pois sempre tem alguém da família que é contra. Existe certa barreira com essa primeira tatuagem. É muito bom que a primeira seja feita de espontânea vontade, porque aquele que faz por fazer está sujeito ao arrependimento, aí faz a primeira, geralmente é pequena, embora hoje em dia nem tanto. Mas se ela escolheu um bom profissional e fez uma bela tatuagem ela acaba partindo para outras. Nesse sentido, não escolher bem, ou fazer por impulso é bem perigoso. A dor é superável pela vontade de fazer, e pra quem já fez sabe que não é uma dor assim tão grandiosa. No entanto, a mulher é mais resistente a dores do que os homens.
Não vejo como um vício [optar por
várias tatuagens], mas como uma superação aos medos e dúvidas iniciais, o que
agrega alguma força de vontade de querer repetir. Além disso, números pares não
dão azar. É pura lenda.
LC- A pergunta acima tem a ver com a minha história. Fiz a primeira
somente aos 27 anos de idade, talvez afetada por falas preconceituosas, que vão
desde crenças religiosas, passando por preocupações com certo rigor social que
pode haver num ambiente de trabalho, e chegando ao extremo de que a pele na
velhice alteraria para pior o desenho feito na juventude. Claro que hoje, em
2023, muitas dessas falas ficaram para trás, mas para além da arte, tatuagens
são também um acalento para a autoestima, quando camuflam uma cicatriz ou por
reconstruírem a auréola do seio que retirou um câncer. Ainda assim você percebe
que esse preconceito está restrito, hoje, a uma parcela ínfima da sociedade?
Canela – É, você teve uma cuidado de esperar até os seus 27 anos
para que você estivesse mais madura no que você fosse escolher. Há falas
preconceituosas, crenças de algumas religiões, e o social também, que inclui a família,
sempre tem os que irão falar, e no ambiente de trabalho também... Se bem que
isso aí [mercado de trabalho], cerca de vinte anos atrás, [o preconceito] era
bem pesado. Por causa de uma tatuagem, você era prejudicado no serviço. Hoje,
eu vejo que tem ainda o preconceito, mas ele é muito mais velado, porque a
tatuagem atingiu a mídia e acabou se popularizando bastante. Antigamente também
era muito difícil ter um tatuador. Aqui em Mogi, eu fiquei, por mais ou menos,
uns quinze anos praticamente sozinho, não tinha outra pessoa que fazia
tatuagem. Então, essa região do Alto Tietê inteira, praticamente tinha [o meu
trabalho] como referência, o que propagou bastante a minha arte, e a quantidade
enorme de tatuagens [mais de 27 mil] que eu já fiz deve-se a esses quinze anos
com ausência de outros tatuadores. Hoje na cidade, se você for ver, tem cerca
de 350, 400 lojas cadastradas. E isso tende a crescer também.
Com mais de 30 mil tatuagens feitas, seu diferencial é a arte corporal e filosófica/ Foto: Arquivo Pessoal |
Sim, tatuagens acalentam a autoestima, desde que bem feita e agrade a pessoa que fez, o que incentiva a querer ter mais. Ressalto que é sempre importante escolher um bom tatuador. Já as tatuagens reparadoras agregaram valor à arte [de tatuar] foi bem aceita.
LC - Tatuagem é fase. O desenho que te apaixonou aos dezoito anos
de idade, pode vir a te constranger na fase adulta. No entanto, ela é parte da
sua história, daquilo que te encantou no passado. No entanto, há profissionais
que se recusam a recriar uma arte a partir de um trabalho feito por terceiros, se não for esse
o seu caso, poderia dar um exemplo de um caso sobre arrependimentos que tenha
te marcado?
Canela – Sim, tatuagem é fase. Quando se é mais novo, o seu
conhecimento é restrito, e geralmente a tatuagem é influenciada pelo tipo de
vida que se vive, que pode ser por uma banda, ou para quem curte motociclismo.
Hoje a área está muito diversificada, há artistas que vão para a área dos comics, do preto-sombra, das fotografias
realistas... E tanto o jovem, quanto o adulto tem que analisar direito o que se
vai escolher, porque essa tatuagem irá acompanhá-lo para sempre.
No meu conceito, a parte mais
importante é a que antecede a tatuagem, que é a escolha, porque é para a vida
inteira. Por mais bem feita que seja, a nossa pele envelhece, então vai causar
algum transtorno nela também, como um desgaste de tinta, a própria pele vai
criando rugas a depender do local, enfim, a pele se modifica, e a tatuagem se
desgasta. Isso é um fato científico que não tem como fugir [risos]. Mas se é
bem escolhida, ela te acompanha com a história que você implantou nela. Porém,
o tatuador não deve ser responsável pela escolha e nem pela história da
tatuagem, pois isso cabe ao cliente saber falar e pedir.
[Por outro lado] o tatuador está
longe de ser um psicólogo, que vejo como uma área mais avançada, embora as
pessoas conversem sobre suas vidas até no decorrer da tatuagem, talvez pelo
grau de confiança que adquiri ali na hora que está fazendo, mas tem que ser bem
filtrado, e não é o que eu vejo na grande maioria. Porque a partir do momento
em que o tatuador influencia e se não é bem informado vai passar ao cliente
informações também não tão boas, e assim vai ficar, porque o cliente permitiu. Isso
é um grau de entendimento e compreensão de cada um. Eu, geralmente, procuro
saber a respeito do que a pessoa quer fazer, porque eu tenho argumentos para
analisar os desenhos com perguntas mais assertivas. E muitas vezes, também, no decorrer dessa entrevista, eu
consigo remodelar a ideia da pessoa. Ela chega com uma ideia e acaba levando
outra. Quero ressaltar que em todas as minhas entrevistas para a imprensa, eu
falo que o arrependimento com tatuagem é grande, porque não se escolheu um bom
profissional, não soube falar direito o que queria. Tem tatuagens que exigem os
estilos certos, por exemplo, traço fino ou traço grosso, um sombreado mais
leve, um sombreado mais claro ou mais escuro, tudo isso é superimportante. As
tatuagens coloridas são as que mais perdem a cor com o tempo, já a preto-sombra
é mais durável por causa da nossa pele, do sol, do envelhecimento. Portanto, a
preto-sombra é menos agressiva à pele, tem maior durabilidade, e quanto mais
bem feita mais duradoura, e isso eu comprovo. Por exemplo, cores claras, num
país como o Brasil, com um sol intenso, e com uma grande predominância de
pessoas de peles morenas, a tatuagem colorida se adapta melhor em peles claras,
com maior durabilidade. Já na pele negra, não se usa cor nenhuma, pouco sombreado,
e não podem ser traços finos. Existe uma ciência para isso. E hoje, poucos
tatuadores sabem disso, o negócio é pegar uma maquininha, e aplicar a primeira
técnica que é fácil, já o aprofundamento, não. Eu tenho quarenta anos de
tatuagem e continuo estudando. Essa semana mesmo, eu comprei um curso de um
tatuador cuja arte eu admiro, pra aprender a técnica de tonalização do
preto-sombra que ele usa, eu achei muito interessante para então aplicar nas
minhas técnicas. Ou seja, quanto menos cuidado tiver, maior o arrependimento em
tudo.
Outro fato, com essa demanda de
pessoas que falam que fazem tatuagem, estes começam a fazer, fazem por dois ou
três anos e depois param. Eu não posso julgar que essa pessoa fez algo errado,
mas duvido que estudou ou que gostava do que fazia, que se aprimorou em
técnicas, porque a partir do momento que está fazendo e recebendo por isso,
passa a ser um trabalho. Ter referências sobre o tatuador é muito importante.
Os tatuadores mais gabaritados
costumam ter preços mais caros que o normal. Isso é uma diferença enorme, e
como a tatuagem se popularizou, as pessoas são influenciadas por preços. Por
exemplo, o valor mínimo que eu cobro por uma tatuagem, eu já vi tatuadores que
estão no mercado oferecendo quatro, cinco tatuagens pelo mesmo valor que eu
cobro uma pequena. Então, a pessoa que não quer tomar cuidado nenhum, por que
irá procurar um tatuador gabaritado para fazer uma tatuagem pequena se com um
valor de uma ele poderá fazer cinco? E isso também [preço baixo] é um convite
para fazer várias tatuagens. E é um perigo também, pois muitas vezes você está
agindo pela emoção ou pela empolgação, aí sim você vai precisar de um
psicólogo. Falo por experiência vivida pelos meus clientes, uma vez que o
número de pessoas que me procuram para cobrir uma tatuagem é muito grande.
LC - Determinadas tatuagens são tendências de uma época. Lembro que
no passado, anos 90 talvez, a moda eram as tatuagens tribais, embora seja muito
provável que muitos nem sequer soubessem seus reais significados. Qual é o
modismo dos últimos anos?
Canela – A tatuagem também acompanha um modismo, como você citou,
tempos atrás eram as tribais, depois elas foram se modificando com o tempo,
aparecendo outros tipos. Fazer sem saber seu significado tem a ver com o preço,
ou com outras questões que não são vistas com seriedade, e de ambos os lados.
Uma vez na minha equipe tinha um tatuador a quem eu questionei em reservador
sobre o porquê [de optar por] àquele desenho visivelmente feio se haviam tantas
outras opções mais bonitas. E então ele respondeu que havia sido uma escolha do
cliente. Aí eu argumentei dizendo a ele que o meu estúdio obedece a
determinadas regras, e dentro daquela proposta [da escolha do cliente] havia outros
desenhos mais bonitos. Ainda assim ele foi categórico em afirmar que não havia
nada a ser feito porque aquela era uma escolha do cliente. Ao final daquele
trabalho, eu o demiti porque aquele não é o modelo de funcionamento do estúdio.
Porque a minha preocupação é evitar um futuro arrependimento do cliente. E é um
gasto a mais no caso de refazer uma tatuagem, mesmo porque ao refazer não se
tem a mesma qualidade do que aquela que você tem para fazer numa pele sem nada
por baixo.
LC - Um tatuador é um psicólogo em potencial? Há quem chega até o
seu estúdio sem ter a menor ideia do que tatuar, e a partir de uma conversa,
você traça um perfil daquele cliente e juntos chegarem num consenso de qual
desenho melhor atende aquela expectativa?
Canela – Muita gente se coloca como um psicólogo do cliente. Eu
acho um erro imenso, porque a psicologia eu vejo de uma parte muito importante,
vejo que é um estudo muito legal pra que se acerte a pessoa ao seu centro.
Então, um bom tatuador pode ter uma análise legal dentro do perfil da arte e o
que a pessoa quer, mas denominá-lo como psicólogo, não. O tatuador tem que ser
criativo, ser artista, e trabalhando com boa-fé em relação ao cliente, vai ter
uma boa criatividade e vai chegar num consenso bem legal naquilo que melhor
atende a expectativa do cliente. Mas não vamos levar para esse lado psicológico
que vai alimentar o que eu não acho nada legal. Cada um na sua área, e muitas
vezes tatuador não tem estudo nem de desenho, vai fazendo com informações
através do Youtube, Instagram... Então, entre tatuador e psicólogo vamos
colocar algo muito distante entre um e outro. Tatuador tem que ser artista e
ter uma boa criatividade, aí ele está num bom caminho.
LC - Conforme seu perfil no Instagram, são mais de trinta e sete
anos de profissão, com mais de 27 mil tatuagens espalhadas por aí, dentro desse
percurso, e embasado por uma ética pessoal, que tipo de trabalho você não se
autoriza fazer?
Canela – Devido ao tempo que tenho de tatuagem, e de uma boa escola
que eu tive, pois comecei em 1984, com pouquíssimas informações, e de lá até
próximo de 1990, eram poucos tatuadores. Eu, aqui em Mogi, alguns em São Paulo,
onde tive o privilégio de conhecer uma equipe de italianos que trabalhavam por
lá, e eles estavam com o intuito de divulgar a tatuagem no Brasil, e como eram
de outro país, com outra cultura, eles divulgavam a tatuagem como arte, tanto
que na minha época foram muitos preconceitos com pessoas tatuadas e quem fazia tatuagem também era mal visto. Por
isso que a grande maioria dos profissionais respeita quem veio lá de trás. Hoje
é muito fácil, há ótimas máquinas, ótimos materiais, agulhas perfeitas,
desenhos perfeitos, aonde você procurar encontra informações.
Eu saí de Mogi porque eu tinha
conhecimento de um tatuador chamado Marco Leone lá em São Paulo. Não se tinha
telefone, nem internet. Era preciso pegar ônibus e ir pra São Paulo e tentar encontrar qual era o bairro porque não
era divulgado, era muito restrito. Depois desse contato, fui recomendado a
fazer cursos de desenho, estudei na Escola Pan-Americana de Artes, no Liceu de
Artes e Ofícios, aqui em Mogi estudei com o Vitor Wuo, grande artista que me
ensinou muito em desenho. E estudo eu faço até hoje, desde 1984 até hoje. Então
o interesse do tatuador vai com esse amor à arte que ele tem. Isso não é
modismo. Eu participo de convenções internacionais onde se discutem novas
técnicas, quem vem de fora traz sempre uma novidade. Existe um intercâmbio
onde, por exemplo, eu posso trabalhar em outros estúdios, ou seja, tudo isso
tem um investimento financeiro e de tempo. Acaba sendo uma vida direcionada a
essa arte. Não é à toa que um ou outro acaba adquirindo nome. O que eu tenho
investido em feiras e eventos, é um valor que chega à casa das centenas de
milhares de reais, além disso, meu estúdio equipado e atende às normas da
Secretaria de Saúde. Não é ser um “tatuador modinha”. E veja, não há nada de
errado, essa pessoa não está fazendo nada de errado, porque vamos lembrar, quem
escolhe é o cliente, logo a responsabilidade é de quem escolheu. Você tem hoje
os bons, os médios, e os não tão bons.
Eu não faço trabalhos que
denigrem a imagem da pessoa, frases que não são positivas, porque eu não
preciso ser compatível com a rebeldia ou com algo que não seja produtivo para
aquela pessoa, e que posso denegri-la e ela não tem noção disso. Olha só o que
eu aprendi em 1990 com a equipe italiana: evite fazer coisas como times de
futebol, denominações religiosas, nomes de pessoas, com exceção de pai, mãe e
filhos que são definitivos na vida, porque isso são escolhas passíveis a
mudanças, ou seja, você está sujeito a mudar de religião, de times, não gostar
mais de determinada banda, isso acontece com todos nós. Portanto, evitar esse
tipo de tatuagem é sempre bem-vindo. E para explicar isso, e o cliente aceitar
é necessário ter conhecimento. Por outro lado, pode-se fazer algo que não seja
tão grande ao qual a cobertura não seja tão difícil, aí é possível para a
pessoa curtir aquele momento e se vier a se arrepender já fica acordado com o
tatuador uma cobertura da mesma. Embora haja no mercado o laser, não é certo
dizer que o laser apaga a tatuagem por completo, porque assim que se retira a
tinta da pele, vai ficar uma marca, um registro de onde foi tirado.
LC - Em dezembro do ano passado, por determinação judicial, o
tatuador Neto Coutinho foi obrigado a cobrir a tatuagem do rosto de uma criança
negra feita durante a convenção Tattoo
Week do mesmo ano. A polêmica se deu porque o tatuador usou sem autorização
da família do garoto nem do fotógrafo Ronald Santos Cruz a fotografia de uma criança
de onde originou a tatuagem. Qual é sua análise sobre caso? A ação judicial foi
uma censura ao trabalho artístico, ou independente da arte, ou cabe ao tatuador
antes procurar obter informações sobre uma foto cujo cliente não tem qualquer
grau de parente com o fotografado?
Canela – Com relação a essa polêmica é o seguinte. Através da
internet, a gente pode pegar várias imagens. Agora, é muito bem-vindo quando
você pegar uma imagem colocar o crédito da imagem, o que não foi o caso.
Praticamente quem acionou isso não foi a família, foi o fotógrafo através dos
direitos que ele tem. E se ele tinha direito, e ao ver que o evento era
gigantesco – é o maior evento que se tem no país – usou da ação judicial para
requerer os direitos que ele tem, porque não foram colocados os créditos, muito
menos foi pedida uma autorização. Porque geralmente se está na internet, e você
quer usar, entra em contato com o fotógrafo, e é muito difícil [o profissional]
negar. Se ele negasse, não estaria ali na internet para todo mundo ver, ou
teria alguma especificação de direitos autorais. Mas cabe a ele o direito de
requerer legalmente o direito que é dele.
Edson Rodrigues Pereira,
conhecido como Edson Canela, é artista, tatuador, filósofo e espiritualista.
Dedica-se há quarenta anos à arte na pele. Faz parte da segunda geração de
tatuadores do Brasil, com especialização de novas tendências, como na arte
corporal e filosófica. Participou da 1ª Convenção Internacional de Tatuagem do
Brasil, em 1990. Hoje, costuma ser convidado para diversos eventos no Brasil,
como tatuador ou jurado.
Por Elisa Marina