sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Para um mundo mais inclusivo, biblioteca de Suzano disponibiliza obras em Braille

Acervo está disponível desde o dia
13 de dezembro, data em que se comemora o 
Dia Nacional do Cego/Foto: Gabriel Lima/
Secretaria de Cultura de Suzano
Repare a sua volta, e se a você é possível enxergar, verá que o mundo que o cerca não é pouco inclusivo. Calçadas esburacadas dificultam o percurso de uma cadeira de rodas, a maioria dos estabelecimentos comerciais não possuem rampas de acesso, para citar apenas dois exemplos, já o bastante para concluir que as cidades brasileiras excluem pessoas com algum tipo de limitação, e no caso, aqueles que dependem de cadeiras de rodas para se locomover.

Faltam meios acessíveis a pessoas com algum tipo de limitação, no entanto, há de se considerar – e destacar – toda e qualquer iniciativa que busca a inclusão dessas pessoas nos mais diversos campos. E desde o dia 13 de dezembro, data em que se comemora o Dia Nacional do Cego, estão disponibilizados cerca de 300 exemplares em Braille na Biblioteca Municipal Maria Eliza de Azevedo Cintra, nas dependências do Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi, em Suzano. As obras foram doadas pela Fundação Dorina Nowill para Cegos e parte do material é didático e tem cunho pedagógico.

Para fazer o empréstimo desses livros, ou de qualquer obra do acervo, é necessário comparecer à instituição com documento de identidade com foto e comprovante de residência. Os munícipes podem pegar emprestado até dois livros por vez, com prazo de devolução fixado em quatorze dias. A concessão deve ser feita presencialmente e ocorre de segunda à sexta-feira, das 9h às 16 horas.

As obras disponíveis podem ser consultadas pelos cidadãos por meio do sistema Alexandria, ferramenta através da qual é possível consultar o acervo de qualquer uma das outras quatro bibliotecas públicas de Suzano, localizadas nos Centros Culturais Palmeiras, Colorado e Boa Vista, e no Centro de Artes e Esportes Unificado (CEU) do Jardim Gardênia Azul.

Para o secretário de Cultura e vice-prefeito, Walmir Pinto, o foco principal dessa iniciativa é “incluir e oferecer a possibilidade de leitura dos deficientes visuais. Além disso, promover aos moradores esse tipo de material é abrir caminhos para a interação entre os mais diversos públicos”.

Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi
Rua Benjamim Constant, 682 - Centro  - Suzano

Texto: Elisa Marina 

 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Dezembro, quando alegria e inquietação dão as mãos sob as luzes coloridas de Natal


Adoro completar meus anos de vida no mês de dezembro. Faz quarenta e sete anos que eu sou dezembro. Está certo que, por razões óbvias, eu não tenha a menor ideia  do que seja aniversariar nos meses carnavalescos, muito menos no mês de São João, e que dirá no mês do cachorro louco. E eles, os não-dezembros, por suas vezes, jamais saberão a delícia que é nascer em dezembro. Dezembro é dez, de acordo com o latim, embora seja o décimo segundo mês do calendário gregoriano. Somos os últimos, sim, mas deliciosamente desejados como aquela última batatinha frita no prato, e saboreados como a última colherada na panela de brigadeiro. Quem não espera pela chegada de dezembro bom sujeito não é.

 Dezembro é o mês mais festivo de todos, e o mês do dinheirinho extra na conta bancária para os empregados avalizados pela Consolidação das Leis do Trabalho, que por força da lei, engordam a renda com o décimo terceiro salário, dinheiro que por vezes nem bem é depositado na conta para em seguida pagar o cartão de crédito, ou um mês depois quitar o Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor. 

E embora dezembro seja o mês das luzes que piscam em colorido e das bolas que decoram árvores e fachadas de lojas, é também o mês de sentimentos conflitantes, num dia sol, noutro pancadas de chuva, são dias de tempestades e noites de calmaria. Em algumas pessoas, dezembro representa o fim de um ciclo, o que traz profundas reflexões, e junto delas certa tristeza pela saudade dos que já partiram, em outras, e em mim, uma inquietação que não tem razão de existir porque é fruto de uma notícia sem comprovação cartorária. 

Anos atrás, uma ex-vizinha me fez o seguinte alerta: “pode reparar, as pessoas morrem próximo da data em que aniversariam, pouco antes, ou pouco depois”. Pronto. Bastou para que a informação alarmante e sem embasamento permanecesse até hoje na minha caixa de entrada, e até hoje não deletada. E então, a dezessete dias de assoprar quarenta e oito velinhas, eis então a minha contagem começada já no vizinho novembro: Vinte de novembro! Trinta de novembro! Dois de dezembro! Chega logo dezenove de dezembro! Apresse-se vinte e oito de dezembro! Venha voando quinze de janeiro! 

Até o presente momento, viva (do verbo viver), fugi da lógica, sem saber exatamente quando começa e termina o tal período fúnebre. Hoje, dois de dezembro, o cenário me parece otimista uma vez quem meus exames não apontam para uma morte iminente, contudo, uma hora a vida termina, e como Walt Disney, também um exemplar  nascido em dezembro, animava desenhos inanimados, o não saber quando se vai morrer faz dos sujeitos personagens animados - ainda que desanimados - ante o desfecho da própria história. 

Texto: Elisa Marina