Por mais de duas horas, Nei Lopes destacou o legado de Lima Barreto para brasileiros de um Brasil que pouca importância dá, ainda, a sua obra/ Foto: Elisa Marina |
Novembro, mais precisamente o dia 20, é marcado como o Dia da Consciência Negra, período entendido a que a sociedade reflita e perceba as injustiças raciais pelas quais passam diariamente negros e negras que aqui vivem, e revivem cotidianamente casos de racismo que não param de crescer. Por isso, para além de um dia, ainda é preciso muito mais que um dia, talvez os doze meses do calendário a fim de conscientizar aqueles que não perceberam, ainda, que certos privilégios são sustentados por um racismo institucional e secular.
Para tanto, diversos eventos estão sendo realizados na região do Alto Tietê. A cidade de Suzano conta com uma programação diversificada que vai de palestras à exibição de longas-metragens e documentários durante o mês de novembro.
Em Mogi das Cruzes, a vida e obra do escritor Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) foi contada por mais de duas horas no Sesc Mogi das Cruzes pelo olhar do compositor escritor, cantor, e estudioso das culturas africanas Nei Lopes. Jornalista e escritor, Lima Barreto nasceu num 13 de maio que sete anos depois viria a ser marcado como data da abolição da escravatura através de uma lei que deixa claro que ser liberto não é necessariamente ser livre.
Lima Barreto sentiu na pele, mais precisamente na mente, os seus aprisionamentos, que não o incapacitavam mas abriam portas para o vício na bebida. O medo de parecer louco o fazia vítima das loucuras de uma sociedade que lhe imputava todo tipo de julgamento, para uma vez capturado pela viatura policial ser deixado, largado e esquecido em manicômios do Rio de Janeiro.
Dentro ou fora, Lima Barreto produzia, escrevia quanto mais os insanos, os outros, o desafiavam, ou quando até mesmo os intelectuais lhe davam as costas, entra aqui a recusa de Rui Barbosa para ingressar na Academia Brasileira de Letras. Em 1922, é encontrado morto em sua cama, abraçado a uma revista literária, no dia 1º de novembro, nove meses depois daquela moderna semana de arte que ocorrera em solo paulistano.
Cineteatro é um dos espaços de Suzano a servir palco para apresentações em comemoração ao mês da Consciência Negra/ Foto: Secom |
Eventos em Suzano
17 de novembro - 20h
Noite de Capoeira - mestre Amaro
Local: Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi
Rua Benjamim Constant, 682 - Centro
19 de novembro - 19h
Cine Resistência - documentário
Local: Cineteatro Wilma Bentivegna
Rua Paraná, 70 - Centro - Suzano
20 de novembro - a partir das 10h
Roda de Capoeira
Aula aberta de dança urbana
Apresentações urbanas
Local: Parque Max Feffer
Av. Sen. Roberto Simonsen, 90 - Jardim Imperador
21 de novembro - 19h
Lançamento do livro Rap Cultura e Poesia - autor Felipe Oliveira Campos
Local: Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi
Rua Benjamim Constant, 682 - Centro
23 de novembro - a partir das 14h
A Princesa e o Sapo
Infiltrado na Klan
Local: Cineteatro Wilma Bentivegna
Rua Paraná, 70 - Centro - Suzano
Palestra: Questões sobre o racismo e violência simbólica - 19h30
Local: Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi
Rua Benjamim Constant, 682 - Centro
30 de novembro
Jamaica Abaixo de Zero - 14h
Selma, uma história de liberdade - 19h
Local: Cineteatro Wilma Bentivegna
Rua Paraná, 70 - Centro - Suzano
Por: Elisa Marina