sábado, 21 de maio de 2016

Homossexualidade: entender para não discriminar

A luta deve ser contra a homofobia, não
 com a homossexualidade
       Há vinte seis anos que a Assembleia Geral da Organização Mundial da Saúde retirou a homossexualidade da sua lista de Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde. Foi no dia 17 de maio de 1990 e por causa desse ato que a data foi escolhida como o Dia Internacional de Combate à Homofobia.

       Em seu cotidiano profissional, o papel dos psicólogos é acolher e tratar o sofrimento de quem procura ajuda em razão de problemas enfrentados devido à sua orientação sexual. Esse sofrimento quase sempre tem como motivo a pressão social para se encaixar em um padrão considerado "normal". Uma pessoa que não convive com gays e lésbicas pode ter dificuldades para entender o que é "orientação sexual", bem diferente de "opção sexual", afinal já é cientificamente comprovado que a homossexualidade não é uma escolha, mas sim, um fato biológico inerente à condição humana.

     De acordo com a American Psychological Association, orientação sexual é um padrão emocional, romântico e/ou sexual de atração por homens, mulheres ou ambos os sexos. O documento explica, ainda, que orientação sexual é também o senso de identidade de uma pessoa, geralmente baseado naqueles pelos quais sente atração, bem como em seu padrão comportamental. Orientação sexual independe do gênero de cada pessoa. Nesse sentido, é preciso entender que há quem não se identifique com o próprio gênero.

      Agora, identidade de gênero é a forma como a pessoa se sente psicologicamente - mesmo sendo biologicamente homem e sentindo atração por mulheres, por exemplo, a pessoa pode se identificar psicologicamente com o gênero feminino. Ainda que não seja muito difícil entender que orientação sexual e identidade de gênero são questões inerentes, ou seja, que não são escolhidas, há a questão de que o comportamento homossexual, assim, assim como o transgênero, não faz parte do modelo tradicional de família e sociedade.

      Ainda que a homossexualidade deixou de ser classificada como doença, muitos tratamentos já foram realizados na tentativa de fazer uma "conversão" e, no aspecto religioso, ter a intenção de "livrar" os homossexuais do "pecado". Em 1979, William Masters e sua esposa Virginia Johnson realizavam estudos com pessoas homossexuais e garantiam que a "cura" era realmente possível. Em cinco anos de tratamentos com diversas pessoas - homens e mulheres - o casal dizia ter solucionado mais de 70% dos casos. No entanto, nenhum dos casos foi comprovado, não houve depoimentos afirmativos dos homossexuais. Masters se dizia terapeuta, embora nunca tenha tido um diploma para exercer a profissão. Alguns anos depois, Johnson, ao analisar a obra do marido, o definiu como "criativo" e admitiu não haver tratamento para a homossexualidade. Masters morreu afirmando que era possível "curar" pessoas gays.

Testes

      Anos atrás, o médico Christian Jessen, homossexual assumido, aceitou passar por três tentativas de "cura"; uma de aversão, no Reino Unido; uma de alteração cerebral; e outra de reabilitação, nos Estados Unidos. Todo o processo foi registrado por ele e, depois, transformado em documentário. O primeiro foi à base de xarope de ipeca, conhecido por provocar vômito. Enquanto vomitava durante horas, Jessen era obrigado a olhar imagens de homens sem roupa ao mesmo tempo em que ouvia mensagens sobre homossexualidade ser uma prática pecadora. De acordo com o médico, essa prática foi adotada entre os anos de 1920 e 1980, quando as pessoas recebiam injeções a cada duas horas para provocar vômito e diarreia. A ideia desse tipo de terapia era fazer com que o homossexual assimilasse a sensação de enjoo e desconforto com a imagem de uma pessoa do mesmo sexo. 

       Na segunda terapia, Jessen procurou um ex-pastor que afirmava ser também médico, consistia em colorir o desenho de um cérebro. Jessen seguiu as instruções e repassou o conteúdo ao suposto médico, que era daltônico, para avaliar a questão das cores. De acordo com as explicações médicas, as partes em que Jessen havia pintado de preto representava abusos sofridos na infância, o que de longe retratava a real infância de Jessen.  

      O terceiro tratamento, John Smid, que defendeu a "cura gay" por 18 anos e se revelou homossexual no final de 2014, na época em que acreditava no tratamento submetia homossexuais à reabilitação, isolando totalmente o paciente de seu "vício". Na internação, a única música permitida é a gospel; até mesmo a música clássica é proibida. Para Jessen, a coisa mais chocante é ver que líderes religiosos não aceitam o fato das pessoas simplesmente nascerem homossexuais, e associam o fato a uma condição provocada por um trauma de infância. A conclusão a que chegou, com as três tentativas, é que as pessoas homossexuais não têm absolutamente nada do que se envergonhar. "Não há nenhum sentido nestes tratamentos".

Dados assustadores

      A intolerância, o preconceito, o fanatismo, a falta de empatia e o ódio colocam o Brasil em um ranking assustador: em relação aos Estados Unidos, por aqui acontecem 785% de casos a mais de crimes contra homossexuais. Estima-se que pelo menos 216 pessoas foram assassinadas no País entre janeiro e setembro de 2014. Infelizmente, no Brasil a homofobia ainda não é crime.

Fonte: Conselho Regional de Psicologia
           Portal Mega Curioso

       

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