quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

QUINTA FEMININA: Abre alas Chiquinha Gonzaga

A polca Querida por Todos, é uma homenagem do
compositor Joaquim Callado à musicista
     A historia da cultura e da luta pelas liberdades no país devem muito ao pioneirismo da compositora e maestrina carioca Francisca Edwiges Neves Gonzaga. Fruto da união de um militar e uma filha de escrava, Chiquinha Gonzaga nasceu em 1847 e foi educada num período de grandes transformações na vida da cidade. Além de ler e escrever, a jovem aprendeu a tocar piano.

     Aos 16 anos de idade, casou-se com o promissor empresário Jacinto Ribeiro do Amaral, escolhido por seu pai, e com quem teve três filhos. Mesmo casada, não abandonou a música, para desespero do marido que via o piano como um rival. Inquieta e determinada, Chiquinha se rebelou e abandonou o casamento ao apaixonar-se pelo engenheiro João Batista de Carvalho, com quem passou a viver. Com ele teve uma filha. Ganhou do ex uma ação judicial de divórcio perpétuo no Tribunal Eclesiástico, por abandono de lar e adultério.

     Ousada, a profissionalização da mulher como músico - ainda mais o tipo de música de dança para consumo nos salões - era fato inédito na sociedade da época. Sua estreia como compositora se deu com a polca Atraente, cujo sucesso foi mais um fardo para sua reputação. Mantinha-se como professora em casas particulares e pianista no conjunto do flautista Joaquim Callado. Passou a aperfeiçoar sua técnica com o pianista português Artur Napoleão, também seu editor, e a tentar escrever partituras para o teatro musicado.


Aos 85 anos de idade, escreve sua última
partitura Maria
     Em janeiro de 1885, Chiquinha Gonzaga estreou no teatro com a opereta A Corte na Roça, ocasião em que a imprensa se embaraçou ao tratá-la, pois não havia feminino para a a palavra maestro. Ao longo de sua carreira de maestrina, Chiquinha musicou dezenas de peças de teatro. A música que a tornaria popular - Ó Abre Alas - foi composta na virada do século 19 para o 20.

     Aos 52 anos e já consagrada, Chiquinha Gonzaga conheceu aquele que iria se tornar o seu companheiro até o final da vida, o jovem português de 16 anos, João Batista Fernandes. 

     Como autora de músicas de sucesso, sobretudo pela divulgação nos palcos populares de teatro musicado, a compositora sofreu exploração abusiva do seu trabalho, o que fez com que tomasse a iniciativa de fundar, em 1917, a primeira sociedade protetora e arrecadadora de direitos autorais do país, a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais.

Militância política

     A mesma audácia que usava na música, a movia na militância política, quando participava de todas as grandes causas sociais do seu tempo, denunciando assim o preconceito e o atraso social. A abolicionista Chiquinha Gonzaga passou a vender partituras de porta em porta a fim de angariar fundos para a Confederação Libertadora e, com o dinheiro da venda de suas músicas comprou a alforria de José Flauta, um escravo músico.

     Chiquinha Gonzaga faleceu no Rio de Janeiro, em 28 de fevereiro de 1935, aos 87 anos de idade, numa quinta-feira de Carnaval. No sábado, dia 2 de março, aconteceu o primeiro concurso oficial de escolas de samba.

Fonte: Chiquinha Gonzaga - Biografia

     

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